Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano reeleito destaca votação expressiva na sua candidatura

Praia, Cabo Verde (PANA) - O reeleito Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, considera que a sua expressiva vitória nas eleições presidenciais de domingo, com mais de 73 porcento dos votos expressos, é "a mais expressiva de sempre da democracia cabo-verdiana".

Nas suas primeiras declarações após o anúncio dos resultados provisórios que apontavam para sua vitória folgada, num escrutínio marcado pela mais elevada taxa de abstenção (63,6%) na história da democracia pluralista em Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca preferiu destacar o facto de ter batido os seus dois adversários “em todas as ilhas e diáspora”.

Para o Presidente reeleito o exercício do mandato anterior fez com que "muitos considerassem que a vitória desejada era segura", o que, segundo ele, contribuiu para a elevada taxa de abstenção.

Jorge Carlos Fonseca prometeu "continuar a ser fiel à Constituição”, cumprindo o papel de mais alto magistrado da nação “com rigor, isenção e total independência".

"Saberei honrar, de forma integral e permanente, o mandato que hoje me foi confiado por vós, e prometo cumprir o mandato de forma dedicada e leal com todos os organismos", afirmou Fonseca.

Ele sublinhou que pretende ser um “promotor ativo do diálogo” entre as instituições eleitas democraticamente, mas também, um promotor da paz, do desenvolvimento social e da coesão territorial.

"Cabo Verde precisa de todos e conta com todos", enfatizou, prometendo também trabalhar para fazer da nação um espaço de maior desenvolvimento humano, social e económico.

Por sua vez, Albertino Graça, o segundo candidato mais votado, com cerca de 23 porcento dos votos, declarou-se “honrado e satisfeito” com o resultado obtido.

Este candidato, que não contou com o apoio expresso de qualquer dos partidos políticos com assento parlamentar, criticou a participação do primeiro-ministro e líder do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, “em combate direto”, numas eleições que, à partida, pareciam “claramente definidas”.

Albertino Graça pôs em causa a legitimidade “muito pequena” do Presidente reeleito, Jorge Carlos Fonseca, por, no seu entender, ter recebido “apenas" cerca de 30 porcento dos votos do eleitorado cabo-verdiano.

“Para reflexão futura, pergunto se não é momento de os estudiosos começarem a trabalhar, se com menos de 30 porcento deveríamos ou não repetir as eleições”, lançou Albertino Graça.

Para ele, um score muito baixo inferior a 30 porcento "não confere legitimidade” ao Presidente da República, quando cerca de 70 porcento dos Cabo-verdianos não votaram nesse candidato.

“Isto é muito preocupante, é preciso rever esse aspeto na Constituição”, reforçou.

Já o terceiro candidato, Joaquim Monteiro, disse que não se sente derrotado, porque quem saiu derrotado das eleições de domingo foi o povo cabo-verdiano, sendo o vencedor deste pleito o MpD, partido maioritário em Cabo Verde.

Para o independente Joaquim Monteiro, houve fraude houve, "a começar pela parte mais gigantesca, ou seja, o facto de o candidato Jorge Fonseca ter sido suportado vergonhosamente pela estrutura e pela máquina fraudulenta e partidária do MpD”.

Ele disse considerar-se o único e verdadeiro “candidato do povo” pelo facto de não ter tido apoio de nenhum partido político.

Ao referir-se à alta taxa de abstenção que se registou nas eleições, Joaquim Monteiro, que segundo dados provisórios conseguiu arrecadar maior número de votos em relação à sua candidatura de 2011 (2,958 votos – 1,85%) contra (4.150 votos - 3,4%), indicou que a mesma reflete o “desacreditar” do povo cabo-verdiano nos partidos políticos, frisou.

-0- PANA CS/IZ 03out2016