Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano considera violência com base no género “vergonha nacional”

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, considerou, sexta-feira, o aumento de casos da Violência com Base no Género (VBG) e da violação sexual de menores como “vergonha nacional”  e que é chegada a hora de dizer basta a estes fenómenos na sociedade cabo-verdiana.

Na sua primeira mensagem às nação, como novo chefe do Estado cabo-verdiano, empossado a 09 de novembro último, José Maria Neves lamentou que, no ano ora findao, o país voltou a estar confrontado com “marcas chocantes da violência baseada no género e da violência sexual contra menores.”

“Trata-se, já o disse e repito-o agora, de uma vergonha nacional. É chegada a hora de dizer basta! Um basta!, do lado da sociedade e igualmente do lado dos poderes públicos. Que 2022 seja assim um ano de ganhos inequívocos neste domínio”, augurou.

“Queremos que estas manchas deixem de fazer parte da sociedade cabo-verdiana e ensombrar a vida das mulheres e crianças da nossa terra. Todos e cada um de nós podemos ser agentes da transformação, promotores da paz, da tolerância, da sanidade e da concórdia sociais”, acrescentou.

Na tradicional mensagem por ocasião do Ano Novo, o chefe do Estado reconheceu que a situação de Cabo Verde é difícil e impõe que todos estejam preocupados.

No entanto, pediu aos Cabo-verdianos que encarem 2022 com “espírito positivo, destemido e de ganhador.”

José Maria Neves que, a proposito, destacou, sobretudo, a questão da pandemia da covid-19, sublinhou que Cabo Verde, como "país pequeno, frágil e dependente”, tem de ter uma capacidade acrescida de projetar os passos a dar e, consequentemente, mobilizar todas as energias nacionais para vencer os desafios.

“Está ao nosso alcance ultrapassar os efeitos da pandemia e da seca de forma a repormos o nosso país no caminho do crescimento e do desenvolvimento inclusivo, com bem-estar para todos. Trata-se de uma tarefa ingente e dela ninguém pode demitir-se”, anotou.

Voltou a manifestar “satisfação” com “o extraordinário trabalho” realizado, sob a liderança do Governo cessante, em matéria de vacinação contra a covid-19.

“Saúdo e agradeço o apoio da comunidade internacional. Temos, um sistema nacional de saúde que funciona, com instituições sólidas, hábitos mentais arraigados e pessoal empenhado. Quando as instituições são inclusivas e capazes e os servidores se entregam abnegadamente à causa pública, os ganhos são grandes e o progresso ao nosso alcance”, rehgozijou-se.

José Maria Neves realçou a necessidade de se manter os esforços nesta frente, vacinando “mais e mais”, convencendo a vacinarem-se os que ainda resistem, mas igualmente mantendo firmes as regras de segurança sanitária.

“Temos de nos proteger uns aos outros. Temos de cuidar dos mais idosos, dos mais vulneráveis. A batalha contra a pandemia ainda não está ganha, pelo que não devemos baixar os braços. É importante que cada um faça a sua parte”, sublinhou.

A nível internacional, José Maria Neves criticou a forma como vem decorrendo a vacinação contra a covid-19.

Salientou que, pesem embora as taxas de vacinação já alcançadas, ainda para “vergonha da comunidade internacional no seu todo”, várias nações estão ainda numa fase “muito atrasada” nesta matéria.

Uma situação que, afirmou, “claramente” compromete os resultados no que poderia ser considerada a luta global contra a pandemia.

“Ou seja, uma grande mancha destes nossos tempos é a flagrante desigualdade no acesso às vacinas”, disse, reiterando que este facto impõe não apenas uma forte e concertada investida na frente da chamada “diplomacia para as vacinas”, como sobretudo a projeção e a realização de investimentos na capacidade endógena de se produzir vacinas e medicamentos.

Ainda na sua mensagem do ano novo, o chefe do Estado saudou toda a nação cabo-verdiana e, de forma particular, a “vasta e laboriosa diáspora” que, segundo disse, apesar dos constrangimentos e provações, soube manter viva a sua solidariedade e o seu apoio às famílias residenciais nas ilhas, bem como as organizações de sociedade civil cujo trabalho se revelou crucial nos tempos difíceis.

“Juntos atravessámos um ano extremamente difícil, em virtude da persistente pandemia da covid-19 e os seus efeitos devastadores. Juntos resistimos. Juntos soubemos ser mais Cabo Verde”, sublinhou.

-0- PANA CS/DD 01jan2022