Agência Panafricana de Notícias

Presidente burundês propõe órgão continental contra corrupção

Bujumbura- Burundi (PANA) -- O chefe de Estado burundês, Pierre Nkurunziza, propôs a criação duma associação das autoridades de luta contra a corrupção no continente a fim de tornar "mais operacional" a convenção da União Africana (UA) sobre a prevenção e a luta contra o fenómeno da corrupção.
"O nosso Governo sempre apoiou todas as iniciativas visando a implementação efectiva dos instrumentos internacionais de luta contra o flagelo", sustentou Nkurunziza.
Ele falava na abertura quinta-feira, em Bujumbura, da III Assembleia Geral do comité executivo da associação das instituições de luta contra a corrupção da Comunidade dos Estados da África Oriental (EAC) que integra o Burundi, o Ruanda, a Tanzânia, o Uganda e o Quénia.
Ao falar da situação do seu país, o Presidente Nkurunziza deixou entender que, durante e após mais de uma década de guerra civil que assolou o Burundi, o fenómeno da corrupção aumentou na maioria dos sectores da vida nacional.
A título de exemplo, a inspecção geral do Estado estimou ultimamente em cerca de 24 milhões de dólares americanos o montante do dinheiro roubado ao Tesouro Público apenas no ano 2008.
O Observatório de Luta contra a Corrupção e Malversações Económicas (OLUCOME, independente) seguiu os passos da Inspecção Geral do Estado, ao anunciar montantes ainda mais elevados de cerca de 200 milhões de dólares desviados nos últimos 10 anos.
O vice-presidente da OLUCOME, Ernest Manirumva, morreu em circunstâncias ainda não clarificadas em Abril de 2009.
Um conhecido empresário do Burundi e dois dos seus presumíveis cúmplices foram, nesse altura, detidos no caso do assassinato do antigo vice-presidente da OLUCOME que necessitou a criação duma terceira comissão nacional de inquérito.
Investigadores do Bureau Federal norte-americano de Investigação (FBI) vieram igualmente em reforço, sem no entanto conseguir fazer melhor do que os nacionais.
"Foram tomadas medidas com vista a reforçar a transparência na gestão das finanças públicas e a implicação do sector privado, da sociedade civil e da imprensa na luta contra a corrupção", garantiu ainda o chefe do Estado burundês.