Agência Panafricana de Notícias

Prática de excisão em baixa no Senegal, segundo estatísticas oficiais

Dakar, Senegal (PANA) – A taxa da prática de excisão no Senegal diminuiu de 28 para 26 porcento entre 2005 e 2011, segundo o quinto inquérito demográfico e sanitário de indicadores múltiplos no Senegal (EDSV-MICS) realizado sob a égide da Agência Nacional de Estatísticas e Demografia (ANSD).

O estudo, cujos resultados preliminares foram apresentados quarta-feira, foi realizado de outubro de 2010 a abril de 2011 junto duma amostra nacional de oito mil 212 famílias senegalesas.

Baseou-se nos níveis de fecundidade, na atividade sexual, nas preferências em matéria de fecundidade, bem como no conhecimento e na utilização dos métodos de planeamento familiar.

"No que diz respeito à prática, cerca de 26 porcento do total das mulheres inquiridas declararam ter sido excisadas. Em 2005, esta prática era de 28 porcento", indica um comunicado da ANSD.

A pesquisa insistiu sobretudo nas práticas do aleitamento, no estado nutricional das mulheres e das crianças e no conhecimento, nas atitudes e nos comportamentos para com a sida e outras infeções sexualmente transmissíveis e a excisão, indica o documento.

Porém, prossegue, a média nacional esconde disparidades consideráveis, sendo que as mulheres dos 15 aos 24 anos de idade são menos numerosas entre as excisadas (24 porcento), enquanto que, além dos 35 anos de idade, a proporção de mulheres excisadas oscila entre 27 e 29 porcento.

Em termos de urbanização, a prática de excisão é menos frequente nas cidades (23 porcento) que no campo (28 porcento), sublinha o documento, notando que a frequência da excisão está a diminuir com o nível de instrução, ou seja 28 porcento das mulheres não escolarizadas, 24 porcento das de nível primário e 20 porcento das de nível médio ou superior.

Segundo a ANSD, as diferenças conformes as religiões são significativas, pois cerca de 27 porcento das muçulmanas efetuaram a excisão, contra apenas menos de sete porcento das cristãs.

As disparidades mais significativas são observadas segundo a etnia e a província, indica o documento.

« Enquanto a excisão é praticamente inexistente entre as Wolof (menos de um porcento) e as Sérères (2,2 porcento), ela afeta mais de oito mulheres em 10 no grupo mandingue (82 porcento), 65 porcento para os Soninké, cerca de 55 porcento para as Pulaar (fulas) e cerca de 52 porcento para as Diolas », nota a ANSD.

Observando que estas diferenças interétnicas explicam, em parte, as diferenças interregionais, o estudo explica que nas províncias de Kédougou (sudeste do Senegal), Matam (nordeste), Sédhiou (sul), Tambacounda (leste) e Kolda (sul) de maioria pulaar e mandingue, entre 85 e 92 porcento das mulheres são excisadas.

Seguem-se as províncias de Ziguinchor (sul, 56 porcento), Saint-Louis (norte, 40 porcento), Dakar (oeste, 20 porcento) e Kaffrine (centro, 10 porcento), ao passo que a prática é marginal em Diourbel (centro), Thiès (oeste), Louga (norte), Kaolack e Fatick (centro).

Sobre a idade da operação, o documento indica que 51 porcento das mulheres inquiridas não estiveram em condições de dar uma idade precisa, mas situa o evento durante a pequena infância.

Mas em 11 porcento dos casos, as mulheres declararam ter sido excisadas quando tinham entre zero e um ano de idade, 10 porcento entre dois e quatro anos de idade, 14 porcento entre cinco e nove anos e sete porcento numa idade mais tardia (após 10 anos de idade).

Oito porcento das mulheres interrogadas não conseguiram dar uma indicação sobre este assunto.

-0- PANA SIL/JSG/FK/IZ 18agosto2011