Agência Panafricana de Notícias

Polícia realiza buscas em residência do ex-ministro em Cabo Verde

 

Praia, Cabo Verde (PANA) - A Polícia Judiciária (PJ) procedeu, terça-feira de manhã, a buscas na residência do ex-ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros e ministro da Defesa, Luís Filipe Tavares, por alegados atos de corrupção, soube a PANA de fonte oficial.

Tavares foi citado numa reportagem da estacão televisiva portuguesa SIC, sobre um alegado ato de corrupção praticado atribuído a este último, segundo a mesma fonte.

Conforme avançou a Rádio de Cabo Verde (RCV), trata-se de uma investigação que se presume que esteja relacionada com o processo que levou à demissão, a seu pedido, em janeiro de 2021, do então ministro.

Conforme a mesma fonte, a PJ começou as buscas domiciliárias por volta das oito horas locais, tendo saído ao meio-dia com algumas caixas contendo, provavelmente, objetos levados da residência do réu.

Na peça jornalística da estação SIC, são mostrados documentos nos quais o ex-governante, supostamente, solicita a concessionária da Mercedes, na cidade Praia, uma proposta de compra de uma viatura topo de gama, a ser paga pelo então recém-nomeado cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida, no Estados Unidos, o empresário português Cesar do Paço.

O ex-chefe da diplomacia cabo-verdiana terá encaminhado um email com o preço ao conselheiro e presidente da fundação de César do Paço, precisamente a três dias de obter a autorização dos Estados Unidos para nomear o empresário, tido como um dos principais financiadores do partido da extrema direita portuguesa, Chega.

A polémica sobre a alegada oferta de uma viatura de marca Mercedes, no valor de 45 mil euros, explodiu nas vésperas das eleições legislativas de 18 de abril último, que, no entanto, virão a ser ganhas pelo Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder, de que o réu é um dos vice-presidentes.

Em 2021, o Ministério Público (MP) cabo-verdiano determinou a abertura de uma instrução criminal sobre a alegada promessa patrimonial de Luís Felipe Tavares, avançando, em comunicado, que em causa estavam factos suscetíveis de integrar a prática do crime de corrupção previsto e punido pela legislação penal cabo-verdiana.

Entretanto, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já comentou este acontecimento, afirmando que "é preciso não dramatizar a situação e esperar que a Justiça faça o seu trabalho."

Afirmou que o processo de ação judicial está em investigação, e que é preciso não dramatizar estes tipos de situações porque é um instrumento que a PJ adota em várias outras situações para a produção de provas.

"Portanto aqui não se pode fazer qualquer ação de condenação da pessoa envolvida porque só a justiça condena. A praça pública não pode condenar e dar sempre a dúvida ao réu. Neste caso, nem sequer é réu, mas temos esta preocupação. Eu sei que é um assunto que normalmente se mediatiza, mas temos que salvaguardar também a dignidade das pessoas e da pessoa envolvida”, disse Ulisses Correia em declarações a jornalistas na cidade da Praia.

-0- PANA CS/DD 01junho2022