Agência Panafricana de Notícias

Peritos evocam efeitos nocivos do clima sobre produção alimentar em África

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - A produção alimentar africana está a pagar um pesado tributo aos efeitos nocivos da mudança climática, revelaram peritos presentes na conferência sobre mudança climática e desenvolvimento em África em curso desde segunda-feira em Addis Abeba, a capital da Etiópia.

«Apesar dos investimentos públicos no setor agrícola por numerosos países do continente, a produção alimentar baixou rapidamente durante as últimas duas décadas», lamentaram.

Esta baixa levou ao surgimento de práticas ineficientes de uso das terras, ao esgotamento dos recursos naturais básicos (nutrientes do solo, de águas e de florestas) pelos produtores agrícolas.

«A agricultura no continente é, portanto, mais vulnerável aos efeitos da variabilidade a curto termo e às mudanças a longo prazo do clima do que qualquer outra região», afirmam os peritos.

Segundo eles, o custo elevado dos inputs agrícolas, o baixo acesso a facilidades de crédito e o custo elevado do estabelecimento dos sistemas de irrigação aperfeiçoados contribuíram para a redução da produção por hectare e o aumento da taxa de pobreza, sobretudo entre as populações rurais.

Eles indicam que, entre 1997 e 1999, o consumo de cereais na África Subsariana foi de 84,5 milhões de toneladas, sublinhando que 16 porcento desta quantidade foi importada.

O fraco uso dos adubos foi também identificado como um dos maiores desafios para o aumento da produção alimentar no continente.

A nível político, numerosos países do continente não integraram as estratégias de adaptação às mudanças climáticas nas políticas agrícolas e de desenvolvimento da economia nacional.

A ausência de quadro político apropriado para a integração das estratégias de adaptação e de mitigação no setor agrícola contribuiu para a redução dos investimentos.

Apesar de ter um conhecimento global e aprofundado das mudanças climáticas e dos impactos regionais sobre os setores chaves do desenvolvimento, lacunas significativas existem ainda em África à escala regional, sub-regional e nacional, indicam os peritos.

-0- PANA IT/AAS/CJB/TON 18out2011