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Patrice Trovoada reeleito presidente do maior partido da oposição são-tomense

São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - O antigo primeiro-ministro são-tomense, Patrice Emery Trovoada, reassumiu a liderança da ADI (Ação Democrática Independente), e prometeu em seis meses uma restruturação profunda no seio desta maior força política da oposição com vista aos próximos embates eleitorais.

Patrice Trovoada está de volta à cena política são-tomens, 12 meses depois de se suspendido voluntariamente as suas funções na presidência da ADI, em consequência da maioria simples obtida pela ADI nas eleições legislativas de outubro de 2018.

O antigo primeiro-ministro são-tomense (2014 à 2018), candidato único à sua própria sucessão no congresso eletivo sábado passado, que ocorreu no Palácio dos Congressos, obteve quase 100 por cento dos votos.

Trovoada foi eleito com 999 votos a favor zero contra e uma abstenção, num congresso em que estiveram presentes mil eleitores, entre militantes de bases e dirigentes do partido.

No congresso foram igualmente eleitos como primeiro vice-presidente, Orlando da Mata, e como segundo vice presidente, Celmira Fernandes.

Para o cargo de secretário-geral, a nova figura será eleita no próximo Conselho Nacional do partido sem data.

Orlando da Mata, que entrou nas fileiras da ADI, em 2016, mostrou-se aberto a  contactos com a ala dirigida por Agostinho Fernandes, com vista à união do partido.

“Vamos criar sinergias. Se nós queremos o bem para São-tomé, temos que arrumar primeiro a nossa casa”, disse.

A ADI esta dividida ao meio, transformou-se num partido com duas direções, tendo  Agostinho Fernandes sido eleito por aclamação, há sensivelmente quatro meses, e, no início deste mês, o Tribunal Constitucional legitimou a sua liderança.

Com as eleições presidenciais de 2021 às portas e criticado pelos militantes pró-Patrice Trovoada, Agostinho Fernandes mostrou-se desgastado com a situação, e anunciou há duas semanas que não estava “amarado ao poder”.

Ele prometeu anunciar, brevemente, uma nova data para o congresso que devolver a união ao partido.

O congresso em que Patrice Trovoada foi eleito presidente acontece numa altura em que Agostinho Fernandes se encontra ausente do país.

Mas o atual vice-presidente da ADI, defendeu que eleição da direção de Fernandes foi impulsionada por motivações externas, sem citar nomes.

Esta ideia foi corroborada por Patrice Trovoada numa mensagem gravada em que classificou os seus atores como sendo "indivíduos desonestos que quiseram a todo o custo não perder as suas regalias e a manutenção do poder sustentada por ambições desmedidas.”

Na longa mensagem transmitida na sala do congresso, o filho do antigo presidente são-tomense, Miguel Trovoada, criticou a governação de Jorge Bom Jesus, atual primeiro-ministro são-tomense, que considera fraca, por não existir “perspectivas de desenvolvimento socioeconómico”, 10 meses depois.

“O investimento privado estrangeiro esta em nítido recuo, nenhuma ação credível para minimizar o seu impacto catastrófico que nos conduz a uma irrelevância comparativa económico e geoestratégica”, afirmou.

Segundo ele, o país não tem perspetiva de dias melhores, e o Governo aumentou as taxas de bens e serviços, enquanto os serviços públicos "estão mais caros e menos eficientes, os combustíveis aumentaram e os fundos europeus extraordinários e as ajudas da China e da Guiné Equatorial só servem para pagar as despesas correntes"

No congresso realizado sob o lema “juntos somos mais fortes”, Patrice Trovoada, disse que “o Estado de direito foi rasgado em São Tomé e Príncipe”.

Patrice mostrou-se frustrado com a tentativa falhada de diálogo sobre a reforma da Justiça, patrocinada pelas Nações Unidas, resultante de um pedido formulado pelo Governo de Jorge Bom Jesus.

Enre os não subscritores do texto final visando a reforma, Patrice Trovoada acusou Pascoal Daio, presidente do Tribunal Constitucional, de ser "advogado caloteiro, ao serviço do presidente da Assembleia Nacional, Delfim Neves".

Trovoada criticou também o silêncio e a passividade do Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, que, no seu entender, os seus poderes "estão a ser usurpados pelo Governo".

“Não parece haver seriedade dos governantes para que haja um verdadeiro poder judicial competente, capaz de julgar e dizer o direito em nome do povo", afirmou.

Na sua moção de estratégia e apoio lida por um dos militantes do partido, Patrice Trovoada prometeu regressar ao país, "quando estiverem reunidas as condições para efeito".

Sobre o antigo primeiro-ministro pesa uma queixa-crime apresentada pelo Governo sobre o caso das "dadívidas ocultas".

-0- PANA RMG/IZ 01out2019