Agência Panafricana de Notícias

Pandemia de covid-19 pode levar ao aumento de crianças na rua em Cabo Verde, segundo previsões

 

Praia, Cabo Verde (PANA) – A possibilidade de a crise da covid-19 vir a aumentar o fenómeno de crianças na rua e o trabalho infantil em Cabo Verde faz a unanimidade de instituições ligadas à problemática dessa camada da população no arquipélago, soube a PANA de fonte oficial.

Em declarações à Agencia Cabo-verdiana de Noticias (Inforpress), por ocasião do Dia Mundial da Criança, 01 de maio, a presidente da Associação das Crianças Desfavorecidas (Acrides), Lourença Tavares, adiantou que a pandemia está a agravar a situação da pobreza em Cabo Verde e, consequentemente, o sofrimento das crianças mais vulneráveis.

Segundo ela, a situação de não se ir à escola, a par do aumento da pobreza, vai fazer com que mais crianças estejam nas ruas e sofram mais com a crise.

Lourença Tavares chama também a atenção para  o aumento do trabalho infantil, a nível mundial, e das priores formas, pelo que se deve também estar atento a este fenómeno em Cabo Verde.

A ativista social defendeu, por isso, que é preciso que todos estejam unidos e articulados e, sobretudo, coloque as crianças em situação de vulnerabilidade no centro das ações.

“Portanto é o momento de o Governo central e os governos locais, com a sociedade civil, tentarmos e vermos o que podemos fazer juntos para que a debilidade humana dos Cabo-verdianos em situação de vulnerabilidade não seja sentida”, apelou.

Também, a presidente do Instituto da Criança e Adolescente (ICCA), Instituição publica que se ocupa da defesa e proteção dessa cama da população, e admite o agravamento da vulnerabilidade das crianças pobres com a crise provocada pela pandemia.

Maria Nascimento Silva realça que esta situação, além dos problemas sanitários, tem gerado graves problemas económicos e a perda do rendimento das famílias.

A presidente da ICCA disse que a instituição está a trabalhar com as famílias no sentido de as mesmas serem empoderadas e poderem receber, de volta, as crianças que estão nas ruas para que elas fiquem mais em casa “protegidas pela própria família.”

Adiantou que, em relação ao trabalho infantil, o ICCA está a fazer um trabalho de recolha de informações para ver até que ponto esta situação, vivida no país, pode fazer perigar os ganhos conseguidos a este nível.

“O trabalho infantil que é feito em Cabo Verde é mais um trabalho informal, pelo que é mais difícil ter dados concretos”, disse, revelando que está prevista, para este ano, a realização de um inquérito sobre o trabalho infantil para ver qual é situação atual já que, frisou, as informações datam de 2012.

Entretanto, adiantou que a organização governamental que dirige tem um projeto para, já neste mês de junho, trabalhar com as crianças com idade superior aos 15 anos, no sentido de  que descubram o seu talento, o que querem fazer em termos de formação e capacitação com o fito de serem tiradas da rua.

Em relação às crianças com idade inferior aos 15 anos, o trabalho vai no sentido de que fiquem mais nas escolas e frequentem centros de formação.

De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Cabo Verde tem 179.488 crianças menores dos 18 anos de idade, das quais 52 por cento são meninos e 48 por cento, meninas.

Em plena pandemia, 2.216 crianças menores dos 10 anos de idade já foram infetadas pela covid-19 no arquipélago.

O documento do INE revela que 43 por cento das crianças vivem só com mães, 36 por cento com a mãe e o pai, 16 por cento sem pai nem mãe e cinco por cento apenas com o pai.

-0- PANA CS/DD 02junho2021