Agência Panafricana de Notícias

ONG convidam UNESCO a rejeitar prémio de Presidente equato-guineense

Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) – A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) deverá recusar-se a honrar o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, com um prémio em seu nome, declara um grupo de nove organizações dos direitos humanos num comunicado divulgado terça-feira em Nova Iorque.

« A UNESCO não deverá honrar o Presidente Obiang », declarou Tutu Alicante, da organização de defesa dos direitos humanos EG Justice.

« Se (Obiang) deseja financiar a ciência e a educação no mundo, deve começar pelo seu país onde tantas pessoas ainda não têm acesso a serviços básicos como a eletricidade e a água potável, enquanto ele e a sua família levam uma vida extravagante que foi objeto de inquéritos judiciais por todos os lados no mundo », acrescentou.

O conselho de administração da UNESCO que vai reunir-se em Paris, a 6 de outubro próximo, deve discutir uma proposta dum prémio da UNESCO para as ciências da vida no valor de três milhões de dólares americanos financiados pela « Fundação Obiang Nguema Mbasogo para a Preservação da Vida ».

Este prémio foi suspenso o ano passado após um protesto de cidadãos equatoguineenses, de organizações de defesa dos direitos humanos, de militantes anticorrupção e de personalidades do mundo literário, científico e cultural.

Uma nova tentativa do Presidente Obiang de fazer aceitar o prémio em maio passado fracassou, mas a iniciativa atual tem o apoio de princípio de alguns países africanos após uma resolução da União Africana (UA) durante a sua Cimeira na Guiné Equatorial.

O Prémio Internacional UNESCO-Obiang Nguema Mbasogo para Pesquisa em Ciências da Vida foi criado em 2008, mas nunca foi atribuído.

A atribuição deste prémio foi congelada, enquanto se esperava por outras discussões em junho de 2010 e em outubro do mesmo ano, depois de o conselho de administração da UNESCO votar a sua suspensão até que os países-membros cheguem a um consenso sobre esta questão.

Esta decisão foi tomada depois de personalidades africanas, escritores latino-americanos, laureados do Nobel, cientistas e profissionais da saúde pública, grupos de imprensa, recipiendários do Prémio Cano e organizações de defesa dos direitos humanos do mundo inteiro se unirem num movimento para se opor a este prémio, evocando reservas sérias quanto ao balanço do Presidente Obiang em matéria de corrupção e de respeito dos direitos humanos.

Entre as personalidades públicas implicadas na campanha contra este prémio figuram o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, os escritores nigerianos Wole Soyinka e Chinua Achebe, bem como a militante moçambicana dos direitos humanos Graça Machel.

Os detratores deste prémio sublinharam o contraste entre a missão da UNESCO de promoção dos direitos humanos e de defesa da liberdade de expressão e a repressão brutal e a corrupção oficial que marcam os 32 anos de reinado do Presidente Obiang.

-0- PANA SEG/FJG/AAS/SOC/MAR/IZ 28set2011