Agência Panafricana de Notícias

OMS convoca reunião de cientistas para controlar coronavírus

Genebra, Suíça (PANA) – A Organização Mundial da Saúde (OMS)  confirmou terça-feira que a epidemia de coronavírus fez mais de  um milhar de  mortos, enquanto várias centenas de peritos da saúde iniciaram uma reunião na sua sede para ajudar a conter a propagação da doença, oficialmente conhecida como COVID-19.

Segundo a porta-voz da OMS, Fadela Chaib, até às seis horas desta terça-feira (hora de Genebra), foram confirmados 42 mil 708 casos da doença na China com a probabilidade de se ultrapassar os mil mortos. 

"Para ser preciso, o balanço das vítimas que morreram nesta epidemia eleva-se para mil e 17 mortos na China. Fora da China, nós temos 393 casos em 24 países com uma morte;  a única morte ocorreu nas Filipinas”.

Um comunicado das Nações Unidas indica que as infeções continuam a aumentar desde que a nova epidemia de coronavírus foi declarada a 31 de dezembro último na China central.

Chaib atribuiu este aumento  a uma "combinação de medidas de despistagem e de deteção melhoradas”.

"Vocês vêem mais casos pois nós estamos a detetar mais e também porque se trata de casos em atraso que estamos agora a testar nos laboratórios”, explicou.

Esta evolução surge enquanto quase 300 cientistas, agências de saúde pública, Ministérios da Saúde e doadores de fundos da pesquisa reuniram-se durante dois dias na OMS para partilhar as últimas informações sobre o vírus e decidir sobre a melhor forma de combatê-lo.

Não existe atualmente uma vacina para se proteger contra o vírus muito menos  um tratamento aprovado paras pessoas infetadas, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesys, no Fórum da Pesquisa e Inovação sobre o Novo Coronavírus de 2019.

Ao exortar os participantes a demonstrar perspicácia científica, Ghebreyesus também pediu respostas a numerosas desconhecidas ligadas à epidemia.

Ele evocou nomeadamente os « reservatórios » do  vírus, bem como os seus modos de transmissão e o seu grau de infeciosidade.

Outras questões envolvem as amostras a utilizar da melhor forma para o diagnóstico e  o controlo, sobre a maneira de gerir os casos graves de infeção e sobre qualquer questão de ética que poderá levantar-se em relação às necessidades da pesquisa.

"Não é uma reunião sobre a política ou o dinheiro. É uma reunião sobre a ciência, existem ainda tantas coisas que não sabemos. Precisamos do vosso conhecimento coletivo, da vossa perspicácia e da vossa experiência para responder às perguntas às quais não temos respostas, e para identificar as perguntas que não podemos talvez compreender que devemos perguntar”.

Um dos resultados previstos da reunião é um roteiro para a pesquisa  no qual os pesquisadores e os doadores podem alinhar-se.

Um dos principais imperativos representa a partilha das amostras e das sequências do coronavírus, declarou Ghebreyesus, antes de insistir no facto de que “para vencer esta epidemia, nós precisamos de uma partilha aberta e equitativa, conforme os princípios da justiça e da equidade”.

Ele declarou aos jornalistas que será preciso talvez esperar 18 meses antes de que a primeira vacina esteja disponível “então nós devemos fazer  o nosso possível hoje ao utilizar as armas disponíveis”.

Ele apelou aos Estados-membros para serem “o mais  agressivos possível” e considerar o vírus como “o inimigo público número um”  em termos de saúde pública.

Na sequência da epidemia do vírus de Ébola na África Ocidental, a agência sanitária das Nações Unidas elaborou uma estratégia para desenvolver medicamentos e vacinas antes de futuras epidemias, e para acelerar as atividades de pesquisa e de desenvolvimento durante as epidemias.

Em conformidade com este protocolo,  uma equipa "Plano Diretor de R&D” começou a trabalhar no início de janeiro deste ano para coordenar e facilitar a partilha de informações sobre os elementos de pesquisa da resposta, explicou.

Reagindo aos comentários do diretor-geral da OMS, Chaib declarou, durante uma conferência de imprensa, que ainda se desconhecia muitas coisas sobre o vírus, que continua a ser principalmente uma ameaça na China.

"Estamos apenas no início da compreensão deste vírus”, declarou, precisando que o modo de transmissão, a origem do vírus, o período de incubação, as caraterísticas clínicas, a gravidade do vírus estão ainda em estudo.

Acrescentou que 99 porcento dos casos estão na China, o que continua a ser uma urgência para este país, "mas  também um risco elevado para a região, a Ásia e para o Mundo.

Sobre os trabalhos do fórum sobre os coronavírus  na OMS, Chaib reiterou a esperança de que os cientistas partilhem informações em vários domínios transversais.

"Eles não falam apenas de vacinas, de terapia ou de testes de diagnósticos, eles também falarão da interface homem-animal deste vírus”, declarou, acrescentando que também falarão das caraterísticas clínicas dos pacientes observados e partilharão informações sobre tudo isso.

-0- PANA MA/RA/ASA/TBM/FK/IZ 12fev2020