Agência Panafricana de Notícias

NEPAD chamada a ser "gendarme africano" face a promessas de ajuda a África

Kampala- Uganda (PANA) -- O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, considerou sábado em Kampala que a NEPAD deve começar a desempenhar "o papel de gendarme africano", encarregue de controlar a disponibilização de biliões de dólares prometidos para o desenvolvimento económico, social e ambiental do continente ao longo dos anos.
Meles fez estes pronunciamentos, enquanto presidente do Comité Encarregue da Implementação da NEPAD, que agrupa cerca de 20 dirigentes africanos, na abertura de um debate dos dirigentes africanos sobre o papel da NEPAD e o sucesso económico do continente africano.
Ele indicou que o seguimento das respostas dos doadores de fundos internacionais é importante para reforçar o debate e a participação de África nos fóruns internacionais sobre o desenvolvimento.
Assistiram a este debate cerca de dez dirigentes africanos e convidados, entre os quais o primeiro-ministro britânico cessante, Gordon Brown, e o secretário de Estado canadiano para os Negócios Estrangeiros, Peter Kent.
Meles, que deve deixar o seu posto após três anos passados à frente da NEPAD, disse que as negociações dos líderes africanos se debruçarão igualmente sobre as vias e meios de reforçar a voz de África relativamente à reforma do sistema financeiro internacional.
Ele afirmou que os esforços feitos para reforçar a posição de África, nas negociações sobre o melhoramento do sistema financeiro internacional, evoluem no bom sentido.
O primeiro-ministro etíope frisou que o crescimento económico impressionante de África é uma motivação para o mundo inteiro, ressaltando ao mesmo tempo a visibilidade da contribuição de África para o crescimento económico global.
Ele disse que esta iniciativa foi testada durante a última cimeira do G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Rússia e Japão, oito países mais industrializados no mundo), em Muskoka, no Canadá, onde um relatório de seguimento da NEPAD facilitou a participação frutuosa de África nesta cimeira.
Durante a cimeira de Muskoka, os dirigentes do G8 prometeram cinco biliões de dólares americanos para um projeto visando reforçar a luta contra os falecimentos maternos e melhorar a saúde das mães e das suas crianças, referiu-se Meles.
Esta promessa de ajuda por um período de cinco anos, que deve ser elevado a 10 biliões de dólares americanos até 2015, fazia parte das últimas promessas de ajuda, ao passo que outras promessas concerniam ao melhoramento da segurança alimentar e da agricultura em África.
O Canadá prometeu oferecer 1,4 bilião de dólares americanos para o projeto de saúde materna e infantil.
Por sua vez, o secretário de Estado canadiano para os Negócios Estrangeiros, Peter Kent, anunciou que as nações africanas deverão receber o montante mais elevado desta ajuda, que poderá atingir 80 porcento dos fundos prometidos pelo Canadá.
O governante canadiano garantiu que a iniciativa de Muskoka sobre a saúde materna, que atraiu promessas estimadas a cerca de 7,3 biliões de dólares americanos, deverá ser mobilizada ao mesmo tempo que outros fundos destinados a África.
Ele lembrou igualmente que o seu país prometeu 600 milhões de dólares americanos no âmbito do plano do G8 para a segurança alimentar nos países pobres.
Do seu lado, o Presidente em exercício da União Africana e Presidente malauiano, Bingu wa Mutharika, cético quanto aos esforços que a NEPAD desdobrou nestes últimos tempos, defendeu o exame imediato e radical do seu papel que, a seu ver, foi concebido para responder às expetativas de África em matéria de desenvolvimento.
"Temos de voltar ao ponto de partida, reexaminar os objetivos e determinar o que queremos para as economias africanas", disse sem rodeios Mutharika, cujas declarações traduziram um descontentemente interno relativo aos progressos da NEPAD.
O estadista malauiano disse ser favorável ao plano de fazer da NEPAD "um gendarme africano" encarregue de acompanhar os progressos relativos à realização das promessas de ajuda à África.