Agência Panafricana de Notícias

Moeda única da CEDEAO exige antídotos contra laxismos, recomenda universitário togolês

Lomé, Togo (PANA) - Os países de economias fracas como os da UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana) precisam mais de uma moeda de paridade fixa do que de uma moeda que flutue segundo o mercado, defende Aimé Tchabouré Gogué, professor jubilado de Economia da Universidade de Lomé (Togo).

Segundo Gogué, «a paridade tem a vantagem de incentivar o comércio entre os países» e «quanto mais elevadas forem as trocas, melhor será ter uma paridade fixa» que dá uma certa estabilidade à moeda.

Estabelecendo um laço entre a paridade fixa e o franco francês e depois o Euro, o economista togolês afirma que, no início das independências, os países francófonos da África Ocidental mantinham relações muito avançadas com França e é o que justificou, na altura, a paridade fixa com o franco francês.

Com o surgimento do euro, esta paridade suscita perguntas e críticas diversas, porque, apesar de a Europa utilizar uma moeda comum, França continua a garantir a paridade do franco CFA.

No plano das trocas comerciais, apesar das transações comerciais entre os países da zona CFA e a Europa permanecerem, a evolução do comércio com os países emergentes da Ásia (China, Índia) e da América do Sul (Brasil) proporciona uma maior diversificação das economias da zona CFA, justificando assim a necessidade de uma paridade fixa, mas com um «cesto de moedas» constituído das dos países com os quais os países africanos efetuam regularmente e à grande escala as suas trocas comerciais.

Pois, para Gogué, «a instabilidade da nossa moeda sem paridade fixa, associada à debilidade das nossas economias, pode provocar a sua desvalorização regular e causar inflações difíceis de gerir e controlar».

Sendo desastrosos os efeitos de uma moeda instável sobre economias fracas, sobretudo para países que enfrentam problemas económicos e estruturais diversos, o economista togolês sugere, na perspetiva de uma renúncia à paridade fixa do franco CFA com o euro, que se tenha em conta “a importância dos fluxos das trocas com os parceiros comerciais e sobretudo o peso real das economias dos nossos países para poderem suportar uma moeda sem paridade».

Se for caso disso, Gogué defende que tem de haver garantias tais como uma política de disciplina orçamental e monetária, a definição de critérios de convergência em matéria de inflação, de investimento ou de endividamento, portanto «criar um dispositivo de vigilância multilateral para limitar as taxas de inflação, os défices orçamentais e as possibilidades de endividamento no seio dos oito países da União Económica e Monetária Oeste Africana».

Para o efeito, o universitário togolês prognostica a concretização «sem grandes problemas» de uma moeda única para os 15 membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), « só e só se os critérios de convergência forem cumpridos, bem como a política monetária, para que o laxismo de alguns Estados em matéria de políticas económicas não penalize os outros».

Todavia, a paridade fixa do franco CFA com o euro levanta, por outro lado, o problema de independência e de soberania dos países que utilizam o franco CFA e desconcerta, às vezes, a UEMOA na tomada de decisões relativas à determinação de algumas políticas monetárias, devido à garantia do franco CFA pelo Tesouro francês.

Assim, Gogué apela à União Monetária para ter «coragem política», para solucionar a questão da paridade, tendo em conta o peso económico dos países e da região, bem como a diversificação dos seus parceiros comerciais na nova configuração mundial.

-0- PANA FAA/CJB/IZ 24out2014