Agência Panafricana de Notícias

Governo dissolvido na Guiné-Bissau

Ziguinchor, Senegal (PANA) – O Presidente bissau-guineense, José Mario Vaz, dissolveu, segunda-feira à noite, o Governo dirigido por Aristide Gomes.

Segundo um decreto presidencial, antes desta dissolução do Governo, o chefe do Estado guineense convoco, no mesmo dia, o Conselho de Estado para evocar a situação política do país.

Durante esta reunião, o Conselho de Estado sublinhou ao Presidente Vaz que a situação política nacional era muito grave e exortou-o  a tomar medidas tranquilizantes para o país.

Tendo feito a mesma análise, Mário Vaz  tomou a decisão de dissolver o Governo que dirigia Aristide Gomes, do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativas de março último.

Esta decisão acontece depois da morte dum militante do Partido da Renovação Social (PRS), do antigo Presidente da República, Coumba Yala, durante manifestações organizadas no último fim de semana em Bissau, a capital, em protesto contra a suposta implicação do Governo no tráfico de droga e a fraude eleitoral que se preparava, a menos de um mês das eleições presidenciais cuja primeira volta está prevista para 24 de novembro próximo.

Fontes próximas da Presidência da República indicam que a dissolução do Governo se relaciona com este incidente que pressagia um futuro sombrio para o país.

Segundo interlocutores da PANA, o Presidente significou, num tom mais firme, a Aristide Gomes e à sua equipa, que é inaceitável a violência mortífera da polícia contra uma marcha pacífica de cidadãos indefesos, que não era uma ameaça à segurança, nem às instituições ou bens, que não podia portanto, em nenhum caso, perturbar o funcionamento do país.

"Um Governo que, não só, garante a segurança dos cidadãos, mas mina  violenta e abusivamente a segurança e a integridade física dos seus concidadãos, não serve os interesses da nação”, frisou.

A manifestação do fim de semana, que causou a morte do militante do PRS, foi organizada pelos principais partidos da oposição bissau-guineense, nomeadamente o PRS, o APU-PDGB, que, até recentemente, eram aliados do PAIGC no Parlamento, e o Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15), liderado pelo antigo primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embalo, candidato às presidenciais de novembro próximo.

Reagindo em relação a esta marcha não autorizada, o ex-primeiro-ministro, Aristide Gomes, declarava que o objetivo dos manifestantes era parar o processo que leva para a organização de eleições presidenciais, criticando mesmo o Presidente José Mário Vaz que, segundo ele, apoiava mesmo os opositores que teria encontrados algumas horas antes das manifestações que violavam a lei. Depois destas manifestações, o Presidente teria organizado uma reunião novamente  com os responsáveis da oposição na qual criticou o Governo, acusa Aristide Gomes.

 

Réagissant par rapport à cette marche non autorisée, l’ex-Premier ministre, Aristides Gomes, déclarait que l’objectif des manifestants était d’arrêter le processus menant à la tenue de l’élection présidentielle, égratignant même le Président José Mário Vaz qui, selon lui, était de mèche avec les opposants qu’il aurait rencontrés quelques heures avant les manifestations qui violaient la loi. Après ces manifestations, l’occupant du palais présidentiel aurait rencontré à nouveau les responsables de l’opposition avec qui il aurait tenu une réunion à l’issue de laquelle, il a lancé des piques au gouvernement, accuse Aristides Gomes.  

A maioria dos observadores da situação política em Bissau pensam que esta demissão, pouco esperada, do primeiro-ministro Aristide Gomes pode agravar ainda a instabilidade política no país que atravessa uma crise, há vários anos, depois da demissão do outro antigo primeiro-ministro, Domingos Pereira, o líder do PAIGC, pelo mesmo Presidente José Mário Vaz, após uma divergência.

-0- PANA, MAD/BEH/SOC/MAR/DD 30out2019