Agência Panafricana de Notícias

Governo cabo-verdiano reconhece falhas no caso de 45 trabalhadores infetados pela Covid-19

Praia, Cabo Verde (PANA) – O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse, quarta-feira, na cidade da Praia, que o Governo assume as falhas e erros que possam ter sido cometidos e que levaram ao surgimento de mais 45 casos positivos de Covid-19, entre trabalhadores de um hotel na ilha da Boa Vista, que estavam de quarentena para a despistagem da doença, apurou a PANA. 

O chefe do Governo fez este pronunciamento quando fazia uma declaração à nação no dia em que foram confirmados, de uma só vez, o maior caso de Covid-19 e fez disparar para um total 51 o numero de pessoas contaminadas naquela ilha.

Considerou que aquilo que aconteceu naquele local “é um exemplo daquilo que não pode acontecer.”

“O Governo assume as falhas e erros que possam ter sido cometidos, apesar de ter cumprido os protocolos internacionalmente exigidos”, disse Correa e Silva.

Também qualificou de “extrema gravidade” a atitude dos trabalhadores em quarentena no hotel Rui Karamboa, que forçaram a sua saída das instalações onde se encontravam em isolamento, havia 25 dias, mesmo antes de saberem dos resultados dos testes a que tinham sido submetidos para a despistagem da Covid-19.

O primeiro-ministro considera, igualmente, que é uma irresponsabilidade, com o tipo de pretexto que for, “promover, estimular ou incitar trabalhadores em quarentena à rebelião ou motim contra a força de segurança.”

A seu ver, foi uma “grande irresponsabilidade” o não cumprimento das regras de confinamento nos quartos e das regras de distanciamento pelos trabalhadores durante a quarentena.

No entanto, para o chefe do Governo cabo-verdiano, a responsabilidade ainda é maior quando os trabalhadores não se sujeitaram ao cumprimento rigoroso da quarentena depois da saída do hotel para as suas residências.

“Como resultado, temos pelos 45 casos positivos na Boa Vista, derivados da situação do hotel”, indignou-se o primeiro-ministro.

Ulisses Correia e Silva advertiu que face ao que acaba de acontecer na Boa Vista, o Governo vai ter que endurecer a aplicação das medidas para obrigar o isolamento durante o estado de emergência, vigiar com permanência a aplicação da quarentena domiciliária ou quarentena obrigatória em estabelecimentos apropriados.

Ele anunciou ainda o reforço das ações de fiscalização marítima “para que nenhuma embarcação, nenhum bote saia da Boa Vista para qualquer ponto do país”.

O chefe do Executivo cabo-verdiano considerou que o sucedido é também uma dura lição para os cidadãos, salientando que a violação de regras do isolamento social e da quarentena pode ter consequências dramáticas já que, frisou, as pessoas podem ficar infetadas e, de seguida, infetar membros da sua família e a comunidade, colocando o país ainda em maiores dificuldades.

Ulisses Correia e Silva fez questão de lembrar que o Executivo tomou as medidas mesmo antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado a pandemia, e que tem feito tudo para proteger o país e os Cabo-verdianos nesta crise.

Neste sentido, ele garantiu que todo o trabalho que vem sendo realizado vai ser continuado para assegurar um bom combate, já que, sustentou, “se trata de uma luta e duma guerra muito dura.”

“Estou convencido que vamos vencer, mas, mais do que nunca, a responsabilidade individual tem um impacto muito grande no bem comum. Se cada um fizer a sua parte, sairemos todos mais fortes desta crise”, disse reforçando o apelo ao cumprimento das regras do isolamento social.

Com estes 45 novos casos, o número dos mesmos elevou-se a 55 testados em Cabo Verde, sendo 51 na ilha da Boa Vista, três na cidade da Praia e um na ilha de São Vicente.

Dos casos confirmados, registou-se um óbito, relacionado com um cidadão inglês de 62 anos de idade, que se encontrava de férias na ilha e que foi a primeira pessoa a ser testada positiva da pandemia de Covid-19 em Cabo Verde.

-0- PANA CS/DD 16abril2020