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Governo anuncia medidas para mitigar aumento de preços em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, anunciou, terça-feira, na cidade da Praia, que o Governo vai avançar, nos próximos dias, com medidas para mitigar o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade no país.

O governante fez o anúncio à imprensa, à margem duma conferência sobre "serviços financeiros digitais justos e seguros", que decorre na sede do Banco de Cabo Verde, na Praia, em alusão ao dia mundial dos Direitos do Consumidor.

Disse nessa ocasião que o Governo está a trabalhar para apresentar soluções a fim de evitar que haja “uma deterioração do poder de compra das pessoas, sobretudo aquelas que têm menos rendimentos” e  garantir “um clima social estável" no arquipélago.

Olavo Correia recordou que se vive atualmente uma "economia de guerra", na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, com efeitos económicos globais, num mundo muito “imprevisível, muito incerto, inseguro também.”

Segundo ele, está-se a presenciar uma escalada em termos de aumento de preços, produtos petrolíferos, combustíveis, bens de primeira necessidade e transportes internacionais.

Sendo Cabo Verde um país tomador de preços, prosseguiu, estes impactos têm implicação direta na economia cabo-verdiana.

Os preços em Cabo Verde aumentaram 0,7 por cento no mês de fevereiro último e acumulam uma subida de 7,1% face ao mesmo mês de 2021, indicam dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) cabo-verdiano, divulgados na segunda-feira.

Estes aumentos generalizados em Cabo Verde estão a ser mais visivelmente sentidos nas últimas semanas em produtos alimentares de primeira necessidade, como o pão ou o óleo.

De acordo com o Índice de Preços no Consumidor (IPC), a taxa de variação homóloga no mês de fevereiro de 2022, foi de 7,1 por cento, "acelerando 0,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior."

No mesmo período, o IPC registou ainda uma variação média dos últimos 12 meses de 3,1 por cento, valor superior em 0,6 pontos percentuais ao registado em janeiro.

Cabo Verde fechou 2021 com uma inflação média anual de 1,9 por cento, o valor mais alto desde 2013, influenciado pelo aumento do preço dos combustíveis no mercado internacional, segundo o Governo cabo-verdiano.

O preço médio dos combustíveis desceu 5,5 por cento no primeiro dia de 2022 em Cabo Verde, conforme novos valores máximos definidos pela agência reguladora do setor, mas acumularam uma subida de 37,4 por cento em todo o ano de 2021.

Já as tarifas da eletricidade, igualmente condicionadas pelos preços dos combustíveis - Cabo Verde depende da produção de eletricidade em centrais a gasóleo -, aumentaram em média 30 por cento em outubro passado.

O Governo cabo-verdiano estimou, para 2021, uma inflação de 1,2 por cento, mas que terá ficado substancialmente acima, face aos indicadores do INE.

Cabo Verde registou uma variação acumulada anual nos preços de 0,6 por cento em 2020, sucedendo a uma taxa de 1,9 por cento no conjunto do ano de 2019, segundo dados anteriores do INE.

"Se há um aumento de preço a nível internacional em relação aos produtos que são livres no mercado, a IGAE (Inspeção-Geral das atividades Económicas) não pode intervir para fazer baixar o preço. Mas o Governo, através de políticas públicas que estão a ser analisadas. Irá tomar um conjunto de medidas para tentar mitigar os efeitos em relação ao aumento de preços nos produtos de primeira necessidade. Portanto, o Governo, enquanto entidade pública coletiva, está atento e está a analisar todos os cenários. E, em função destes cenários o senhor primeiro-ministro fará uma comunicação sobre esta matéria oportunamente", disse Olavo Correia.

Entretanto, o vice-primeiro-ministro cabo-verdiano não afasta um cenário de um Orçamento Retificativo em 2022, devido aos impactos na escalada internacional dos preços, após o conflito militar na Ucrânia, mas admite que ainda é cedo para uma decisão.

"O quadro é incerto, o quadro é volátil, o quadro é imprevisível. Estamos a acompanhar a evolução da economia internacional e o seu impacto na economia cabo-verdiana. Neste momento, ainda não temos uma ideia sobre esta necessidade", afirmou Olavo Correia.

-0- PANA CS/DD  16mar2022