Agência Panafricana de Notícias

Gana anuncia plano de emergência para evacuar cidadãos da Côte d'Ivoire

Accra, Gana (PANA) – O Governo do Gana anunciou um plano de emergência para evacuar os seus cidadãos da Côte d'Ivoire, país vizinho mergulhado na violência depois duma eleição controversa no termo da qual o Presidente cessante, Laurent Gbagbo, e o opositor Alassane Ouattara foram proclamados vencedores.

O vice-ministro da Informação, James Agyenim-Boateng, anunciou quinta-feira em Accra que o Governo acompanhava de perto a situação e que vai tomar medidas antes que a crise tome proporções incontroláveis.

« Há um plano preciso que foi elaborado e quando for necessário evacuar os nossos cidadãos vamos ativá-lo », assegurou.

Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara foram declarados vencedores das presidenciais e formaram dois Governos paralelos.

Enquanto a comunidade internacional reconheceu Ouattara como Presidente eleito com base em resultados anunciados pela Comissão Eleitoral Independente, Gbagbo foi declarado vencedor pelo Conselho Constitucional.

Os apelos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), das Nações Unidas, da União Africana (UA) e da União Europeia (UE) a Gbagbo para deixar o poder não foram ouvidos.

Enquanto o braço de ferro continua em Abidjan, responsáveis da Comissão dos Direitos Humanos da ONU na Côte d'Ivoire confirmaram as alegações segundo as quais mais de 170 pessoas foram mortas, centenas de outras detidas e dezenas torturadas ou vítimas de maus tratamentos ou desapareceram na semana passada.

« Entre 16 e 21 de Dezembro, foram informados aos defensores dos direitos humanos 173 assassinatos, 90 casos de torturas e maus tratamentos, 471 detenções e 24 casos de desaparecimentos involuntários », declarou a Alta Comissária adjunta das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Kyung-wha Kang.

Ela fez esta revelação durante uma sessão especial do Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra (Suíça) sobre a situação na Côte d'Ivoire.

Kyung-wha Kang precisou, contudo, que não foi possível inquirir sobre todas as alegações graves de violação dos direitos humanos, como a existência de valas comuns, devido a restrições de deslocações impostas ao pessoal onusino.

« O Representante Especial do Secretário-Geral da ONU, Young J.CHoi, foi preso numa barragem, enquanto tentava verificar estas alegações », afirmou.

O enviado de Ban Ki-moon pediu o levantamento imeditato das restrições impostas pelas forças de segurança e os grupos de jovens fiéis a Gbagbo, ao declarar que elas impediam igualmente à ONU de fornecer à população a assistência humanitária de que ela tanto necessita.

-0- PANA MA/FJG/JSG/MAR/TON 24Dez2010