Agência Panafricana de Notícias

Famílias cabo-verdianas em situação de crise alimentar aumentam de nove para 11 por cento, diz Governo

Praia, Cabo Verde (PANA) - O número de famílias a viverem em situação de crise alimentar em Cabo Verde pode aumentar  de nove para 11 por cento até a agosto devido aos impactos da crise internacional, revelou, segunda-feira, na cidade da Praia, o ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.

Gilberto Silva fez esta revelação durante uma comunicação do Governo ao país, para anunciar a declaração da situação de emergência social e económica derivada dos impactos da guerra na Ucrânia.

Nessa ocasião, o governante recordou que, em 2020, em plena pandemia da covid-19, "estivemos a volta de quase três por cento da população na fase três, que é uma fase em que as famílias já enfrentam alguma crise alimentar.

“Passamos para nove no mês de maio, com riscos de agravarmos para 11 por cento no mês de agosto, se medidas consequentes não forem tomadas”, alertou Gilberto Silva.

Salientou que “este é o espelho do impacto que a crise internacional tem sobre a situação alimentar e nutricional em Cabo Verde.”

Face a este cenário, ele explicou que o Governo decidiu acrescentar medidas, para os próximos três meses, em relação aos alimentos, para além das que já foram anunciadas antes.

“O Governo acrescentou uma medida importante que é o trabalho público para que as famílias mais afetadas possam ter o acesso a outros rendimentos e assim poderem aceder melhor aos alimentos”, declarou.

“São 241 mil contos nos próximos três meses, mais 12 mil contos que serão afetados às organizações religiosas e ação social para que possam também fazer de melhor forma o trabalho que haviam começado e que têm estado a fazer, que é ajudar as famílias em maior aflição em matéria alimentar”, acrescentou.

Gilberto Silva disse que as medidas anunciadas no mês de março último e que vão travar os preços dos alimentos, permitiram, no mês de maio, uma variação negativa nos preços desses produtos.

Indicou que o milho de segunda variou em menos 11 por cento, menos um por cento para a farinha de trigo, menos 18 por cento para o arroz, menos seis por cento para o leite em pó, zero por cento para o açúcar.

A farinha de trigo teve uma variação negativa de um por cento, mas, o arroz de primeira aumentou a um por cento, o óleo alimentar oito por cento e o pão de carcaça cinco por cento, de acordo com o governante.

A nível da pecuária, prosseguiu, o Governo está a organizar compras agrupadas.

“Os importadores disseram que sim, o banco financiador já disse que sim e estamos num processo positivo em que efetivamente estamos a caminhar para uma negociação com consequências. Aumentamos a capacidade do estoque no país e quisemos fazer tudo para não haver ruptura de estoque”, frisou.

Segundo ados de finais de maio último, citados pelo ministro, o país tinha um estoque para o milho de segunda para 7,33 meses; e o arroz quase para 11 meses; trigo para sete meses, farinha de trigo para um mês.

Porém, ele afirmou que este trigo é fabricado a partir do trigo em grão estocado.

“O açúcar quase três meses, o feijão pouco mais de quatro meses, leite em pó um mês e meio, óleo alimentar quase quatro meses. Ou seja, estamos aqui a falar de produtos que demandam maior logística para o estoque em Cabo Verde, de uma posição de estoque que nos dá satisfação. É evidente, vamos ter de continuar a fazer uma boa articulação com o comércio, no sentido de assegurarmos esta situação favorável no país”, disse.

O ministro da Agricultura e Ambiente garantiu também que Cabo Verde aumentou a capacidade de estoque dos produtos alimentares no país e que tudo foi feito para evitar a rotura no abastecimento dos alimentos.

-0- PANA CS/DD 21junho2022