Agência Panafricana de Notícias

Exército nigeriano acusado de genocídio de muçulmanos

Lagos, Nigéria (PANA) – O órgão supremo muçulmano da Nigéria acusou o Exército de querer eliminar toda a população muçulmana do país com o pretexto de lutar contra o terrorismo.

O Jama'atu Nasril Islam (JNI) fez estas acusações num comunicado divulgado segunda-feira na cidade de Kaduna, no norte do país, na sequência da morte de pelo menos 23 pastores Fulani pelo Exército no Estado de Nasarawa.

Segundo o Exército, os pastores eram insurretos, mas o Governo estadual garante que se tratava de civis inocentes que foram massacrados a sangue frio.

Para o JNI, os muçulmanos nigerianos, particularmente em várias zonas do norte do país, cujos três Estados foram colocados em estado de emergência (Adamawa, Borno e Yobe), são hoje « espécies em perigo ».

« A amplitude das mortes extrajudiciais de muçulmanos pelo Exército com bases em suspeitas infundadas é fonte de preocupação, o que demonstra claramente que os muçulmanos se tornaram uma espécie em perigo, morta, mutilada de forma cega com o pretexto de lutar contra o terrorismo », indicou.

« Podemos dizer sem medo de ser contradito que há uma agenda visando desestabilizar a Ummah muçulmana na Nigéria. Se um nigeriano tiver dúvidas sobre a agenda dissimulada destinada a desestabilizar os muçulmanos na Nigéria e lentamente reduzir o seu número crescente, então o incidente do Estado de Zamfara deverá servir para levantar esta dúvida”, afirma o órgão islâmico.

« Nós apelamos vigorosamente para a comparência em tribunal dos autores de atos transgressivos contra cidadãos inocentes que têm o direito de praticar a religião da sua escolha », acrescenta o JNI.

A luta contra o terrorismo neste país da África Ocidental está concentrada na sua parte setentrional, onde está baseada a seita islamita Boko Haram.

Desde a imposição, no ano passado, do estado de emergência nos Estados de Adamawa, Borno e Yobe, o Exército enviou milhares de soldados a diferentes locais para combater a seita.

Em março último, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional constatou que a maior parte dos mil 500 civis mortos no nordeste do país desde janeiro de 2014 eram civis inocentes vítimas de mortes extrajudiciais cometidas pelo Exército.

A população da Nigéria, estimada em 170 milhões de habitantes, é quase equitativamente dividida entre cristãos e muçulmanos, mas possui também crentes de religiões tradicionais.

-0- PANA SEG/NFB/JSG/FK/TON 08abril2014