Agência Panafricana de Notícias

Diálogo político fracassa no Burundi

Bujumbura, Burundi (PANA) - A retomada do diálogo interburundês inicialmente prevista para terça-feira, sob a mediação de representantes da União Africana (UA) e das Nações Unidas (ONU), entre outros, foi abortada pela rejeição categórica do poder de conceder um novo adiamento das eleições gerais deste ano.

O adiamento destas eleições era o principal ponto da agenda das negociações destinadas a definir novas bases na abordagem da crise burundesa após vários meses de contestação da candidatura do chefe de Estado cessante, Pierre Nkurunziza, à sua própria sucessão nos meios da oposição e da sociedade civil, constatou-se no local na capital burundesa.

Sós os representantes dos partidos políticos da oposição, da sociedade civil e das confissões religiosas estavam no local da reunião, duas semanas depois da demissão, forçada pela ausência de consenso entre os atores políticos e eleitorais locais, do anterior medianeiro das Nações Unidas, Said Djinnit, na crise pré-eleitoral no Burundi baseada essencialmente na candidatura controversa do chefe de Estado burundês a um terceiro mandato.

O presidente do Conselho Nacional para a Defesa da Democracia/Forças de Defesa da Democracia (CNDD-FDD, partido presidencial no poder), Pascal Nyabenda, declarou que esta questão do diálogo tão defendido pela oposição é uma maneira de "distrair os Burundeses" que, segundo ele, "já estão avançados" na preparação das eleições cujos primeiros escrutínios relativos às municipais e às legislativas combinadas começam a 29 de junho próximo.

Para ele, esta busca desenfreada do diálogo em nada se difere do projeto dos que queriam destituir as instituições, no mês passado, por uma tentativa de golpe de Estado de alguns altos responsáveis do Exército e da Polícia que se opunham igualmente à ideia dum terceiro mandato do Presidente cessante.

Por seu turno, o líder da oposição, Agathon Rwasa, reiterou a sua indignação contra a recusa da parte governamental de participar no diálogo, sentenciando que "as próximas eleições serão as do Governo e não do povo burundês".

As eleições presidenciais estão previstas para 15 de julho e as senatorais para 24 de julho se as partes não acolherem o adiamento recomendado pela cimeira dos chefes de Estado e de Governo membros da União Africana de 14 de julho último, em Joanesburgo, na África do Sul.

Alguns parceiros do Burundi liderados pela União Europeia (UE) ameaçam não reconhecer os resultados das eleições se não forem preparadas e organizadas com o consentimento de todos os atores políticos e eleitorais interessados.

O clima de segurança continua igualmente a degradar-se por ataques à granada de pessoas ainda não identificadas, o que faz recear o regresso a uma guerra civil total no Burundi, onde a crise pré-eleitoral já fez mais de 70 mortos e pelo menos 500 feridos, segundo o balanço de fonte humanitária em Bujumbura.

-0- PANA FB/BEH/SOC/MAR/IZ 25junho2015