Agência Panafricana de Notícias

Dependentes de álcool representam 66% dos doentes tratados em Cabo Verde, diz Governo

Praia, Cabo Verde (PANA) – Pacientes por dependência de álcool representaram 66 por cento do total dos doentes tratados em Cabo Verde, em 2020, por dependência de substâncias psicoativas num total de 862 pessoas, apurou a PANA quinta-feira, na cidade da Praia, de fonte oficial.

De acordo com o Ministério cabo-verdiano da Saúde, que avançou os dados na abertura das atividades comemorativas do Dia Nacional de Luta Contra o Uso Abusivo do Álcool, muitos que procuraram tratamento por dependência de substâncias ilícitas faziam ilegalmente o consumo abusivo do álcool e que 80 por cento beneficiaram de tratamento em regime ambulatório e que os restantes 20 por cento, em internamento.

Dos dados disponíveis, constatou-se que 82 por cento dos utentes que procuraram internamento são do sexo masculino e que 18 por cento do sexo feminino, sendo que a idade dos doentes está concentrada na faixa etária dos 25 aos 44 anos (48 por cento).

Ainda segundo o Ministério, 75 por cento dos atendimentos aconteceram em três ilhas (Santiago, São Vicente e Santo Antão) e os dois hospitais centrais (na Praia e em Mindelo) atenderam 489 pacientes por uso abusivo do álcool, representando 98 por cento de pessoas atendidas por uso de substâncias psicoativas.

Apesar da situação pandémica que o país atravessa, o Ministério disse que os dados permitem concluir que foram feitos "enormes esforços" para que todos aqueles que recorreram aos serviços de saúde fossem atendidos e tivessem o devido encaminhamento.

"Pois, houve um aumento do número de estruturas de tratamento, e estão na comunidade, e, por conseguinte, mais perto dos dependentes", salientou o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, indicando que o número de utentes que recorreram ao apoio à distância aumentou, passando de 411 em 2019 para 780 em 2020.

O governante notou que o uso abusivo do álcool é um problema social e de saúde pública em Cabo Verde, entendendo que requer uma "abordagem integrada" e um trabalho coordenado e de complementaridade, bem como cooperação e ações com base em evidências científicas na área do álcool e de outras drogas.

Por sua vez, o Presidente da Republica, Jorge Carlos Fonseca, pediu, na  abertura das atividades comemorativas do Dia Nacional de Luta Contra o Uso Abusivo do Álcool e do quinto aniversário da campanha presidencial "Menos Álcool mais Vida", coragem para se enfrentar o problema do uso abusivo de bebidas alcoólicas no país, dando destaque à educação, e recusou tolerar esta prática com razões culturais.

"Não é razoável permitir que o uso abusivo de bebidas alcoólicas, com o seu cortejo de consequências negativas, seja tolerado em homenagem a razões de cultura", afirmou Carlos Fonseca.

Na sua intervenção, Jorge Carlos Fonseca sublinhou que o alcoolismo é "um dos mais graves problemas do país" e pediu "coragem" no seu enfrentamento, rompendo com práticas enraizadas nos hábitos das pessoas mesmo que alicerçadas na cultura.

"Medidas educativas e que estimulam a adoção de comportamentos saudáveis devem ser adotadas", aconselhou o mais alto magistrado da nação cabo-verdiana, para quem os objetivos prinais da campanha estão a ser atingidos e quem há "um elevado grau da sua aprovação."

Segundo o Presidente, o uso imoderado de bebidas alcoólicas continua a ser um dos grandes desafios da sociedade cabo-verdiana, figurando entre as principais causas de morte, doença, violência, instabilidade familiar e social no país.

Mas notou que o país nunca teve um quadro "tão favorável" para enfrentar a situação.

"Confesso que me sinto otimista, não obstante o longo e difícil caminho a percorrer", afirmou, sublinhando os "importantes instrumentos legais" que possibilitam uma intervenção abrangente na prevenção do uso abusivo de bebidas alcoólicas.

Além disso, Jorge Carlos Fonseca espera contar com o envolvimento dos agentes políticos, mas também de outras instituições cabo-verdianas.

"Contudo, não creio constituir uma hipérbole afirmar que o nosso maior trunfo é a disponibilidade da sociedade cabo-verdiana para enfrentar a situação", enfatizou o Presidente, para quem se deve aproveitar o "ambiente muito favorável" e conceder à educação um papel cada mais destacado.

Jorge Carlos Fonseca, que em outubro próximo termina o segundo e último mandato consecutivo legal como Presidente, escusou-se a aconselhar o seu sucessor, mas garantiu que, pela aprovação da maioria dos Cabo-verdianos, a campanha vai continuar.

"E eu, como cidadão, estarei ligado a ela de uma forma ou de outra", garantiu o Presidente, que, em 2016, lançou a campanha de prevenção do uso abusivo do álcool "Menos Álcool Mais Vida", que deu mote para o Dia Nacional de Luta Contra o Uso Abusivo de Bebidas Alcoólicas, comemorado este ano pela primeira vez, após a sua aprovação no Parlamento.

-0- PANA CS/DD 02julho2021