Agência Panafricana de Notícias

Criado fundo de $ 300 mil anuais para projeto KAZA da África Austral

Luanda, Angola (PANA) - Um fundo anual de 300 mil dólares americanos foi aprovado quarta-feira para o funcionamento do Secretariado do KAZA, um projeto turístico transfronteirço da África Austral e de nível mundial na bacia do Okavango/Zambeze integrado por Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.

A aprovação deste fundo, repartido em 60 mil dólares anuais para cada Estado-membro, teve lugar durante uma reunião em Menongue, na província meridional angolana do Kuando Kubango, dos ministros da Hotelaria e Turismo dos cinco países-membros.

Correspondendo a uma das maiores áreas transfronteiriças de conservação do mundo, o projeto KAZA, cujos alicerces foram lançados em dezembro de 2006, conta com um fundo global de 12 milhões provenientes de países doadores.

A coordenadora do projeto pela parte angolana, Amélia Cazalma, disse no final do encontro que as despesas do Secretariado regional do KAZA, sediado no Botswana, sempre foram suportadas, desde a sua criação, por fundos de doadores.

A reunião ministerial de Menongue também abordou a entrada em vigor do “Visto KAZA” para permitir que os membros, turistas e visitantes possam circular no espaço do projeto Okavango/Zambeze sem impedimentos, prevendo-se a sua aprovação em fevereiro próximo.

O projeto KAZA pretende transformar-se numa área de turismo internacional da região austral de África e do mundo, salvaguardado o compromisso de preservar a fauna, a flora e a mitigação do conflito entre o homem e o animal, segundo os seus promotores.

De acordo com o ministro angolano da Hotelaria e Turismo, Pedro Mutinde, os rios Kuito, Kuando, Kubango e Zambeze constituem o pulmão fluvial e as maiores atrações do projeto, "tendo em conta os serviços que podem colocar à disposição dos turistas".

O KAZA comporta igualmente uma vertente virada para a desminagem uma vez que Kuando Kubango foi duramente afetado pelo prolongado conflito militar angolano do pós-independência e, segundo as autoridades governamentais, o processo está em curso em toda a província e em particular nas zonas inseridas no projeto Okavango/Zambeze.

O processo de desminagem, coordenado pelo Instituto Nacional de Desminagem (INAD), "está a decorrer rapidamente e quase na meta final", estando neste momento em curso "acões de revisão de algumas áreas suspeitas", indicou o governador provincial, Higino Carneiro.

O governador aproveitou a ocasião para anunciar a realização de um fórum económico sobre a sua província, entre 12 e 13 de setembro, que vai abarcar uma mesa redonda sobre o plano de desenvolvimento do turismo no Kuando Kubango.

Para além de estar entre as regiões mais expostas à guerra civil, Kuando Kubango foi durante muito tempo considerado como “terras do fim do mundo”, devido à sua localização e também à falta de infraestruturas mas, segundo Higino Carneiro, este mal "agora faz parte do passado".

Depois da guerra, disse, o Governo angolano desenvolveu ações como a asfaltagem de estradas, a construção de escolas e centros de saúde, pontes, bairros sociais, entre outras infraestruturas que estão a proporcionar à população "uma vida melhor".

Oitenta e cinco porcento das florestas da província têm uma “fauna invejável, recursos hídricos que representam 40 porcento do território nacional, recursos minerais como ouro, prata, ferro, quartzo, diamantes, urânio e petróleo que, num futuro breve, podem contribuir para o progresso social da região”, disse.

Uma vez concluída a limpeza das minas semeadas pela guerra, prevê-se o nascimento no Kuando Kubango de redes hoteleiras, estruturas de apoio a safaris, centros de pesca e de caça, acampamentos, restaurantes, lojas de artesanato e recuperação de aeroportos.

O projeto KAZA está aberto a investidores internacionais que se sintam aliciados pela projeção deste enorme e diversificado espaço turístico, em cujo interior se localizam algumas das maravilhas do planeta como as quedas de Vitória (Zimbabwe), o delta do Okavango (Botswana), a faixa do Caprivi (Namíbia), o Parque Chobe (Zâmbia) e as chanas do Kuando Kubango.

Com a sua intensa vida animal e mil sítios que convocam todas as memórias, incluindo as mais recentes, as do brutal tempo de guerra em Angola, no espaço histórico do Cuito Cuanavale, esta área transfronteiriça de conservação cobre cerca de 444 mil e 600 quilómetros quadrados.

O projeto obteve a sua designação da combinação Kavango-Zambezi, ou Kubango-Zambeze, dois importantes rios africanos, com o primeiro nascido em Tchicala-Tchiloanga, no planalto central angolano, e que, transformado já em Okavango, segue rumo às areias do Kalahari, enquanto o segundo nasce na Zâmbia e morre no Índico, em Moçambique.

Em junho de 2007 o KAZA foi reconhecido como um projeto da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), passando a englobar a visão de integração regional e os objetivos desta organização de promover o uso sábio dos recursos naturais e a proteção eficaz do ambiente natural.

-0- PANA IZ 08ago2013