Agência Panafricana de Notícias

Campo de Tarrafal transformado em museu

Praia, Cabo Verde (PANA) - A transformação em museu do antigo campo de concentração do Tarrafal, no norte da ilha cabo-veridana de Santiago, é um dos pontos de um protocolo de cooperação na área cultural entre Cabo Verde e Portugal, a ser assinado sexta-feira, no quadro da visita ao arquipélago do secretário de Estado português da Cultura, Jorge Barreto Xavier, soube a PANA, na cidade da Praia, de fonte oficial.

De acordo com o ministro cabo-verdiano da Cultura, Mário Lúcio Sousa, já há um entendimento entre os dois Governos para criar uma equipa conjunta para fazer a musealização final do antigo campo de concentração que foi instalado pelo regime colonial português, inicialmente para encarcerar os anti-fascistas lusos que lutavam contra a ditadura de Salazar, e, mais tarde, os nacionalistas dos países africanos sob o domínio colonial português.

“As coisas terão os seus passos, já avançamos, há uma equipa a trabalhar nos projetos, já há um acordo político e agora sim se vai formar a equipa que começará a trabalhar logo que seja possível", indicou Mário Lúcio Sousa.

Ele admitiu o envolvimento de outros países lusófonos neste projeto, como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, que viram muitos dos seus filhos que lutavam pela independência serem desterrados para o também conhecido como "campo da morte lenta".

O secretário de Estado português da Cultura classificou o acordo como a possibilidade de “trabalhar juntos pela liberdade e pela cidadania” e em prol de um local “tão simbólico” como o campo de concentração do Tarrafal, “tanto pelos portugueses que se pronunciaram pela liberdade durante o Estado Novo e que foram enviados ao Tarrafal como punição, como dos protagonistas dos movimentos de libertação em África que foram colocados numa situação de tensão e sofrimento”.

O antigo campo de concentração do Tarrafal foi criado pelo regime colonial português em abril de 1936 sob o nome de "Colónia Penal do Tarrafal" e encerrou oficialmente em 1954, embora a maior parte dos então detidos portugueses já tinha sido libertada em 1945 após o final da Segunda Guerra Mundial.

Em junho de 1961, o então ministro do Ultramar português, Adriano Moreira, ordenou a reabertura das instalações sob o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom", desta feita para encarcerar resistentes à guerra colonial em Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Esta segunda fase durou 13 anos, até ao seu encerramento definitivo, a 1 de maio de 1974, poucos dias dias depois da revolução de 25 de abril do mesmo ano, que derrubou o regime ditatorial em Portugal.

-0- PANA CS/TON 10julho2015