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Cabo Verde reduz dívida pública para 128,3% do PIB

Praia, Cabo Verde (PANA) - O relatório do estado da economia do Banco de Cabo Verde (BCV), divulgado esta quarta-feira, dá conta que a dívida pública do arquipélago, em 2022, reduziu-se para 128,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, contra os 151,2% em 2021, apurou a PANA.

O documento elaborado pelo banco central cabo-verdiano precisa que a dívida pública incluiu os Títulos de Rendimento de Mobilização de Capital (TRMC) e os passivos contingentes (que engloba a dívida das empresas públicas e das autarquias locais), passou para 145,3% do PIB, contra os 170,4% em 2021.

No entanto, o BCV alerta que "análises tecnicamente robustas mostram que, não obstante uma melhoria na produtividade total dos fatores face aos dois últimos anos, o potencial de crescimento da economia está ainda condicionado por níveis baixos da produtividade total dos fatores".

No ano em análise, o banco central considerou "extremamente importante" a "determinação" das autoridades de manter o foco na sustentabilidade fiscal e da dívida e na consolidação orçamental no médio prazo que reduza gradualmente o nível da dívida.

"Com isso, será possível fortalecer as finanças públicas e aumentar o espaço fiscal para promover os investimentos em setores catalisadores e aumentar, assim, o potencial de crescimento, promover a inclusão social e construir resiliência a choques exógenos", constatou-se.

No ano passado, o BCV concluiu ainda que o défice público reduziu-se, passando a representar 4% do PIB em 2022, o que se compara com 7,4% do PIB em 2021, "num contexto de aumento das receitas fiscais e queda das despesas com investimentos públicos".

"O défice primário também reduziu para 1,8% do PIB em 2022 (o que se compara com 5,2% do PIB em 2021), afetado positivamente pelo ciclo económico, mas negativamente pelas medidas temporárias adotadas pelo Governo, pelo que o défice primário estrutural, ou seja, excluindo o impacto do ciclo económico e das medidas temporárias, fixou-se nos 0,9% do PIB", prosseguiu o regulador cabo-verdiano.

Por outro lado, o BCV considerou que constitui uma "fonte de vulnerabilidade externa" para o país o aumento da posição dos passivos externos de outros setores e do Governo, que se mantém elevada.

O documento do BCV indica também que, em 2022, o PIB de Cabo Verde cresceu 17,7% em 2022, muito superior aos 6,8% de 2021, um desempenho considerado “histórico”, superando os níveis pré-pandémicos, anunciou o Banco de Cabo Verde (BCV). A dívida pública baixou para 128,3% do PIB, contra os 151,2% em 2021.

Conforme o relatório do estado da economia, o “crescimento excepcional” do ano passado foi motivado pelas recuperações dos sectores ligados ao turismo, nomeadamente o alojamento e restauração (264,4%), transportes e armazenagem (45,8%), comércio e reparação (34,2%), bem como dos impostos líquidos de subsídios arrecadados (29,4%).

“No entanto, não obstante a envolvência externa desafiante, a actividade económica nacional registou um desempenho histórico, superando os níveis pré-pandémicos”, constatou o banco central.

Segundo o BCV, o desempenho foi impulsionado, em grande medida, pelos “impactos positivos” de arrastamento do processo de recuperação da crise pandémica com o fim das restrições à mobilidade e a retoma mais rápida do que o esperado do sector do turismo.

Também contribuíram as medidas de políticas adoptadas em Março de 2022 com o intuito de compensar os efeitos da alta dos preços dos combustíveis e dos bens de primeira necessidade.

No ano passado, o BCV constatou ainda uma “evolução positiva” do consumo privado, que cresceu 28,3%, apesar do aumento da taxa de inflação média no país, que atingiu o nível mais alto dos últimos 20 anos (7,9%).

“Do lado externo, destaca-se o mercado de trabalho robusto nos principais parceiros económicos do país e as medidas orçamentais adoptadas também para mitigar os efeitos da alta inflação”, prosseguiu o banco central.

“Do lado interno, destaca-se pendor da política monetária do banco central marcadamente acomodatícia, que contribuiu igualmente, para este desempenho da economia nacional”, completou.

0 – PANA – CS/MAR 02 agosto 2023