Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde recebe $ 32,5 milhões do ‘aumento de capital’ do FMI

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde vai receber 23 milhões de unidades de Direitos Especiais de Saque (DES), correspondentes a 32,5 milhões de dólares, do Fundo Monetário Internacional (FMI), para reforçar as suas reservas cambiais, apurou a PANA de fonte oficial.

Trata-se de uma decisão do FMI, aprovada segunda-feira,  com vista a uma distribuição proporcional da quota de cada país-membro da instituição financeira.

Pretende-se uma alocação de 650 biliões de dólares americanos (cerca de 456 biliões de DES), baseada numa avaliação das necessidades de reservas dos Estados-membros a longo prazo.

A proposta inclui também medidas para aumentar a transparência e a responsabilização no reporte do uso dos DES, ao mesmo tempo que preserva as caraterísticas desses direitos.

Uma nota técnica do FMI sobre a emissão explica que essa alocação ajudará muitos Estados-membros a suavizar a necessidade de ajustamento face aos constrangimentos de liquidez e a evitar políticas desequilibradas.

A medida permitirá, ao mesmo tempo, fornecer espaço para aumentar a despesa na resposta à crise e nas vacinas.

Os países em desenvolvimento e os mercados emergentes vão receber 275 biliões de dólares (235 biliões de euros) do total, disse a diretora executiva do FMI, Kristalina Goergieva,  na aprovação da emissão pela direção do Fundo.

Os países-membros começaram a analisar uma emissão de DES logo no ano passado devido ao impacto da pandemia da covid-19, que atirou a economia global para uma recessão de 3,5 por cento.

Segundo as previsões feitas no último relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais, a economia global deve crescer seis por cento este ano.

A emissão de DES é um instrumento criado pelo FMI, para dar liquidez e ampliar os recursos disponíveis dos Estados com necessidades financeiras, funcionando como uma espécie de aumento de capital do FMI, para reforçar o combate à pandemia e relançar o crescimento económico.

Um DES é uma unidade em que o dólar americano tem 41,73 por cento do peso, o euro 30,93 por cento, o yuan chinês 10,92 por cento, o iene japonês 8,33 por cento e a libra esterlina 8,09 por cento, e tem uma cotação publicada diariamente pelo FMI.

A emissão de DES vai ajudar os países com maiores dificuldades a equilibrarem as suas contas e reforçarem a aposta no combate à propagação da pandemia.

Ela tem sido qualificada pelos países africanos como essencial para relançar o crescimento económico da região.

Os países africanos, nomeadamente os da África Subsariana, têm argumentado que a sua parte de DES é desproporcionalmente inferior às suas necessidades devido à diminuta da quota no FMI.

Esses Estados salientam a baixa taxa de vacinação e a necessidade de manter o financiamento dos projetos com capacidade para robustecer as infraestruturas e assim garantir a atratividade de novos investimentos que façam a região crescer.

Por seu turno, o FMI tem defendido que os países mais avançados, menos necessitados desta ‘injeção de capital’, deveriam transferir uma parte do reforço dos seus DES para os países em desenvolvimento.

Foi acordada pelas principais potências a canalização de pelo menos 100 biliões de dólares americanos, equivalentes a cerca de 854 milhões de euros, para os países com mais dificuldades.

-0- PANA CS/IZ 24ago2021