Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde pede trabalho conjunto para acesso rápido às vacinas em África

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, apelou, sábado, aos países africanos a trabalharem em articulação, com outros parceiros internacionais, para que os Africanos possam ter acesso, o mais rápido possível, às vacinas contra a covid-19 (coronavírus), apurou a PANA de fonte segura.

Jorge Carlos Fonseca fez este apelo durante a sua intervenção, sábado, por vídeoconferência, na 34.ª sessão ordinária da Conferência da União Africana (UA), que termina neste  domingo.

Em declarações à imprensa, o chefe do Estado cabo-verdiano disse ter-se referido, na sequência da apresentação dum relatório sobre a crise pandémica da covid-19, pelo presidente em exercício cessante da UA, Cyril Ramaphosa, à necessidade de os países africanos trabalharem em conjunto e responderam em uma “única voz” para que os “efeitos sociais e económicos da crise possam também ser combatidos de forma eficiente” por estes países.

Isto porque, explicou, esta crise só faz crescer a desigualdade entre os países desenvolvidos e os em vias de desenvolvimento, nomeadamente os países africanos, no que toca a dificuldades de retoma económica, ao emprego, à oportunidade para jovens e aos próprios efeitos desta crise sanitária.

A única esperança, a seu ver, está na vacina.

Por isso, apelou aos órgãos da UA a tudo fazerem para que os Africanos possam ter acesso à vacina o mais rápido possível.

“Estimulamos a liderança da União Africana a tudo fazer, com os Africanos, mas também em articulação com outras parceiras internacionais, para que o processo seja o mais rápido possível e que as doses suficientes de vacinas possam chegar, digamos também, à população africana”, disse.

Jorge Carlos Fonseca referiu-se ainda à situação particular de Cabo Verde, que, a seu ver, é dos países “mais duramente afetados pela pandemia”, pelo facto de ser um pequeno Estado insular em desenvolvimento e em que o turismo representa quase 25 por cento da economia.

Por isso, defendeu que Cabo Verde, para além do esforço articulado a nível da CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental) e da UA, deve fazer os seus próprios esforços para que a vacina chegue ainda este mês (fevereiro) ao país conforme a previsão das autoridades governamentais.

O lema deste ano da UA, “Artes, Cultura e Património: Alavancas para a Edificação da África que Almejamos”, foi outro assunto abordado pelo chefe do Estado cabo-verdiano.

Para além de saudar alguns processos em curso para que elementos valiosos referenciados como património cultural africano regressem aos países de origem.

Apelou também ao apoio e à solidariedade africana para com  agentes e produtores culturais, atingidos pelos efeitos da covid-19.

A cimeira ficou marcada pela eleição do Senegal para assumir a presidência rotativa da UA para o período 2022-2023, após uma escolha unânime dos 55 Estados-membros da organização.

A candidatura do Senegal foi apresentada em bloco pelos países da CEDEAO, de que fazem parte os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, após as desistências das candidaturas do Gana e do Togo.

A escolha para a presidência rotativa da UA é feita com um ano de antecedência, devendo os países manifestar a sua vontade de assumir o cargo, e a escolha, em regra, respeita critérios de representação geográfica.

Assim sendo, o Senegal sucederá, na presidência rotativa, à República Democrática do Congo (RDC), cujo Presidente, Félix Tshisekedi, assumiu oficialmente, sábado, esta liderança rotativa da organização continental.

Félix Tshisekedi recebeu o testemunho do chefe do Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, numa cerimónia decorrida num formato misto presencial e virtual.

A diplomacia cabo-verdiana foi uma das principais entusiastas da candidatura do Senegal à presidência rotativa da UA, com o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares, a manifestar a expetativa de que a escolha do Senegal possa beneficiar a integração regional do arquipélago.

“O Senegal é um parceiro próximo de Cabo Verde, com quem temos relações excelentes. O Presidente senegalês, Macky Sall, tem dado muito apoio à política de integração de Cabo Verde e será uma boa experiência e uma boa notícia para Cabo Verde”, regozijou-se Figueiredo Soares, antes de ser conhecida esta escolha.

Segunda-feira última, o Presidente cabo-verdiano disse que o consenso entre os 15 Estados membros da CEDEAO, em relação à candidatura do Senegal, fortalecia “a posição da organização no confronto com outras sub-regiões do continente.

Os chefe de Estado e de Governo africanos também aprovaram a reeleição de Moussa Faki Mahamat (presidente da Comissão da União Africana), renovando o mandato por mais quatro anos com o apoio de 51 dos 55 Estados-membros da organização.

Moussa Faki Mahamat era o único candidato à sua própria sucessão, à frente do órgão executivo da UA e precisava de pelo menos dois terços dos votos para ser reeleito.

-0- PANA CS/DD 07fev2021