Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde mantém segundo lugar do Índice Ibrahim de Governação

 

Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde continua a figurar em segundo lugar do Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) de 2020, entre 54 países avaliados, de acordo com um relatório publicado, segunda-feira, em Londres (Inglaterra).

De acordo com o documento divulgado pela Fundação Mo Ibrahim,  Cabo Verde, a que a PANA teve acesso, o país é apenas ultrapassado pelas ilhas Maurícias que comanda o esta classificação.

Segundo a mesma fonte, Cabo Verde  vem mantendo, nos últimos anos, a segunda posição neste ranking, em relação à anterior classifica, uma tendência positiva na última década.

O arquipélago somou 73.1 pontos, com destaque para o progresso significativo na categoria de “Bases para oportunidades económicas.”

Segundo o relatório, que usa dados relativos ao ano de 2019, Cabo Verde foi o país com melhor desempenho da África Ocidental onde o pior desta região foi São Tomé e Príncipe. 

No entanto, o documenta adverte que Cabo Verde registou um declínio mais vincado na categoria de “Segurança e Estado de direito” e ligeiras deteriorações em “Participação, Direitos e Inclusão” e “Desenvolvimento Humano.” 

O Índice Ibrahim de Governação Africano (IIAG) avalia anualmente a qualidade da governação em 54 países africanos, através da compilação de dados estatísticos do ano anterior.  

Em 2019, registou um declínio anual pela primeira vez, desde 2010, da pontuação média geral, que diminuiu 0,2 pontos para 48,8, em relação aos 49 pontos de 2018. 

O declínio recente é atribuído a uma deterioração do desempenho em três das quatro categorias do IIAG: “Participação, direitos e inclusão”, “Segurança e Estado de Direito” e “Desenvolvimento humano”.

Esta trajetória não é totalmente inesperada, pois o progresso vinha a registar um abrandamento na segunda metade da década passada, com destaque para as categorias de “Desenvolvimento humano” e “Bases para as oportunidades económicas”.

No mesmo período, registou-se uma deterioração em “segurança e Estado de direito” e em “participação, direitos e inclusão”, mais acentuadamente nesta última categoria.

Ainda assim, o relatório ressalta que, ao longo da década, o desempenho geral da governação progrediu ligeiramente e que, no ano passado, 61,2 por cento da população de África vivia num país em que a governação geral era melhor do que em 2010.

Segundo o estudo, os avanços alcançados ao longo da última década foram maioritariamente impulsionados por melhorias nas oportunidades económicas e no desenvolvimento humano.

Ao mesmo tempo, o continente também tem registado uma situação de segurança cada vez mais instável e uma erosão nos direitos civis.

Ao longo da última década, 20 países, que acolhem 41,9 por cento da população de África, alcançaram progressos em “desenvolvimento humano” e “bases para oportunidades económicas”, mas, em simultâneo, caíram em “segurança e Estado de direito” e em “participação, direitos e inclusão."

O IIAG 2020 mantém as mesmas quatro categorias, mas passou a incluir novos indicadores sobre o meio ambiente, a igualdade e uma nova seção totalmente dedicada às "vozes dos cidadãos de África."

Uma análise da “perceção da população da governação geral” encontrou, em 2019, a pontuação mais baixa da década, tendo-se o ritmo de deterioração quase duplicado nos últimos cinco anos.

Apesar de este relatório não analisar o impacto, em África, da pandemia de covid-19, que só chegou ao continente em 2020, os autores do documento antecipam um agravamento dos problemas em termos de “participação, direitos e inclusão” e um impacto ao nível da evolução económica até agora positiva.

“Os desafios e fragilidades que já se verificavam na governação africana, revelados pelo IIAG de 2020, são exacerbados pela covid-19, que ameaça também o progresso económico. A insatisfação e desconfiança, associadas à aplicação da governação, são crescentes”, comentou Mo Ibrahim, presidente da Fundação homónima, que promove o Índice de desnvolvimento do continente.

Para este empresário de origem sudanesa, os países africanos terão de demonstrar, nos próximos anos, “tanto a sua determinação a salvaguardar a democracia como a sua capacidade para seguir um novo modelo de crescimento mais resiliente, mais equitativo, mais sustentável e mais autossuficiente.”

-0- PANA CS/DD 17nov2020