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Cabo Verde confirma tendência de redução de novos casos de tuberculose

Praia, Cabo Verde (PANA) – A notificação de apenas 175 casos novos de tuberculose, em Cabo Verde, no ano passado, confirma a tendência em baixa dessa doença que vem sendo registada, nos últimos anos, no arquipélago, declarou quinta-feira a Direção Nacional de Saúde.

Nos anos anteriores, os serviços de saúde receberam à volta de 200  notificações, indicou o diretor nacional de Saúde, Jorge Noel Barreto, que fazia o ponto da situação da doença no âmbito do Dia Mundial da Tuberculose, que se assinala a 24 de março.

Para o ano de 2021, explicou, foram confirmados 192 casos, como dados provisórios, dos quais 175 novos e 17 de pessoas submetidas a novo tratamento.

Santiago, São Vicente, Sal e Fogo são as ilhas com maior número de incidência a nível do país, sendo que foram confirmados 70 casos, na Praia e 52 em São Vicente, precisou.

Segundo o responsável sanitário, esta tendência decrescente de casos se deve às melhorias das condições de vida da população cabo-verdiana.

Além da melhoria das condições de vida, Jorge Noel Barreto apontou ainda as melhorias a nível de seguimento, tratamento e capacidade de diagnóstico como responsáveis, também, pela diminuição de números de casos e melhor qualidade na confirmação dos mesmos.

Explicou que a tuberculose é uma doença que está relacionada com a aglomeração de pessoas, pelo que, com algumas medidas e orientações do médico, "tem havido algum alívio, uma vez que o tratamento é gratuito".

“A rotina, neste tipo de doença infeciosa, é que o doente tome o medicamento regularmente para que possa curar”, acrescentou.

Recomendou às famílias com doente com tuberculose que estejam sempre atentas para que, caso o paciente esteja com tosse e febre, por mais de duas semanas, procurem um médico para um rastreio à doença.

Também alertou a todos que a doença existe e que os sintomas não devem ser desvalorizados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o gasto mundial com a luta contra a tuberculose é totalmente insuficiente para relançar a batalha contra a doença após anos de luta suspensa por causa da covid-19.

Assim, recordou que os objetivos fixados para 2022 “estão em risco, principalmente por falta de financiamento”.

“É necessário fazer investimentos urgentes para desenvolver e ampliar o acesso aos serviços e instrumentos mais inovadores para prevenir, detetar e tratar a tuberculose, o que poderia salvar milhões de vidas a cada ano, reduzir as desigualdades e evitar enormes perdas económicas”, indicou o diretor-geral da OMS, Thedros Adhanon Ghebreyesus, em comunicado.

A interrupção dos serviços de saúde devido à pandemia de covid-19, segundo a OMS, anulou anos de progresso mundial na luta contra a doença que afecta os pulmões.

De 2018 a 2020, 20 milhões de pessoas receberam tratamento contra a tuberculose, 50 por cento do objetivo de cinco anos estabelecido em 40 milhões de pessoas.

Durante o mesmo período, 8,7 milhões de pessoas receberam tratamento preventivo, 29 por cento do objetivo fixado em 30 milhões para 2018/22.

Em 2020, 63 por cento das crianças e adolescentes menores de 15 anos com tuberculose permaneceram fora do radar dos sistemas de saúde ou não foram informados oficialmente sobre o acesso aos serviços de testes e tratamentos.

A proporção foi ainda maior (72 %) para as crianças menores de cinco anos.

A tuberculose é uma doença infeto-contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bactéria conhecida também como Bacilo de Koch.

A doença atinge os alvéolos pulmonares, onde desenvolve uma reação inflamatória, que pode evoluir para a cura, passando até despercebida, se o paciente tem boa resistência física.

-0- PANA CS/IZ 24março2022