Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde aposta na valorização turística e ambiental das aldeias rurais

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde anunciou, terça-feira, implementar, nos próximos cinco anos, um programa de valorização turística e ambiental das aldeias rurais para diversificar a oferta turística do país onde, até agora, predomina o habitual pacote sol e praia", apurou a PANA de fonte segura.

A criação deste programa, avaliado em cerca de oito milhões de euros, foi aprovada esta semana por resolução do Conselho de Ministros, depois do Governo ter admitido que a pandemia da covid-19 provocou "praticamente a paralisação do turismo" em 2020 no arquipélago, condicionando a estratégia nacional, que apontava a meta de um milhão de turistas anuais.

A resolução justifica que, com a descoberta das vacinas, prevê-se o recuo da pandemia em 2021 e a recuperação da normalidade.

Na mesma perspetiva, torna-se muito pertinente acelerar a diversificação dos segmentos turísticos, com realce para a criacão de  “mais oportunidades no meio rural", segundo a mesma fonte.

Além disso, em termos ambientais, é realçada a necessidade de "integrar melhor a conservação da biodiversidade no turismo", para atender às vulnerabilidades dos ecossistemas existentes e, ao mesmo tempo, assegurar a beneficiação ambiental das zonas rurais, tornando-as "mais qualificadas e atrativas para a atividade do turismo."

"É justamente neste contexto que o Governo optou pela implementação de um programa de valorização turística e ambiental das aldeias rurais, visando maior rendimento para as famílias, maior resiliência das comunidades e um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável", lê-se na resolução.

Este empreendimento será implementado em aldeias rurais das ilhas de Santo Antão, São Nicolau, Maio, Santiago, Fogo e Brava, com "características privilegiadas em termos de valores naturais", como biodiversidade ou paisagens, sócio-culturais ou históricos, tendo a meta final de "diversificação da oferta turística, a melhoria do saneamento básico e o aumento do rendimento e da qualidade de vida da população no meio rural."

O turismo balnear (de sol e praia) é, indubitavelmente, o mais emblemático, e as ilhas rasas do Sal e da Boa Vista os principais destinatários de investimentos neste domínio.

O país oferece, também, boas condições para o desenvolvimento de outros segmentos turísticos, dos quais o ecoturismo e o turismo rural, especialmente nas ilhas de maior relevo, sublinha-se ainda no documento.

As intervenções deste programa estatal prevêem o arranjo paisagístico do espaço rural envolvente, como caminhos vicinais, currais, miradouros, reabilitação de habitações e seu enquadramento na paisagem, mas também o fomento da atividade turística nestas aldeias com a criação de circuitos pedestres, sinalética e de centros interpretativos, entre outros investimentos, como a simples construção de casas de banho ou a ligação domiciliária de água.

Genericamente, este programa estatal incluirá medidas de fomento empresarial que "propiciarão mais e melhores alojamentos, produção agrícola, gastronomia, artesanato local e eventos culturais", sendo que para a sua implementação serão alocados sobretudo recursos inscritos nos fundos do Turismo, em mais de 416 milhões de escudos (3,7 milhões de euros) e do Ambiente, cerca de 502 milhões de escudos (4,5 milhões de euros), sujeitos aos mecanismos de alavancagem, define o Governo.

É ainda estabelecido que são elegíveis a este programa aldeias rurais com infraestruturas básicas, nomeadamente água, eletricidade e saneamento, com elementos de atratividade turística, incluindo agrícola e pesqueira, com tradição de artes e ofícios como olaria, cerâmica, tecelagem e artesanato, mas também próximas de rotas pedestres ou conhecidas como locais de transformação artesanal de produtos.

Contudo, está também previsto que a beneficiação das aldeias rurais nas ilhas de intervenção é programada conforme uma lista consensualizada entre o Governo e diferentes municípios.

De acordo com dados oficiais, o turismo garante 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde, com um recorde de quase 820 mil turistas em 2019.

-0- PANA CS/DD 27jan2021