Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde abdica da vacina da AstraZeneca

Praia, Cabo Verde (PANA) – O ministro cabo-verdiano da Saúde, Arlindo do Rosário, anunciou terça-feira que o seu Governo vai acompanhar, de perto, o evoluir da situação resultante da suspensão da utilização por diversos países da vacina da AstraZeneca contra a covid-19, antes de se iniciar a sua aplicação no arquipélago.

No entanto, o governante assegurou, na sua conta  na rede social Facebook, que, tal como previsto,  a vacinação dos profissionais de Saúde, que estão na linha da frente do combate ao Sars-cov-2, vai iniciar-se, a 19 deste mês, com a vacina da Pfizer.

Arlindo do Rosário esclareceu que  “quanto à vacina da AstraZeneca, a OMS e a Agência Europeia de Medicamentos, até ao presente, não encontraram nenhuma relação entre a vacina e os casos de hemocoagulação que foram relatados”.

Contudo, admitiu que “manda o princípio da precaução que as dúvidas levantadas sejam totalmente esclarecidas”, o que acontecerá nos próximos dias.

Por isso, prosseguiu, o Ministério da Saúde e Segurança Social, em estreita articulação com a Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS), irá acompanhar de perto o evoluir da situação e fazer as devidas recomendações ao Governo, de forma a permitir uma decisão devidamente ponderada e responsável antes de se iniciar com a aplicação da vacina”.

O diretor nacional da Saúde, Jorge Barreto, já tinha informado, em conferência de imprensa, que os lotes da vacina da AstraZeneca que Cabo Verde recebeu, no passado dia 12, não são do mesmo lote das que poderão estar ou não ligadas aos efeitos que têm sido noticiados.

Jorge Barreto afirmou que as vacinas recebidas, da AstraZeneca e da Pfizer, são “igualmente eficazes”.

Explicou que, apesar de se referir às marcas das vacinas, ou ao fabricante, as vacinas têm lotes que são um conjunto de doses fabricadas de uma certa forma e num determinado momento.

Depois, disse, é fabricado um outro grupo da mesma vacina, mas que constitui um lote diferente.

“Quando ouvimos falar de efeitos adversos ou de situações que podem estar relacionadas com a vacina, embora ainda não haja confirmação da ligação desses efeitos às vacinas, temos que ver se realmente está-se a tratar do mesmo lote e que essas situações estão relacionadas.

"Isto para vos dizer que os lotes da vacina da AstraZeneca que Cabo Verde recebeu, esta semana,  não são do mesmo lote das que poderão estar ligados ou não aos efeitos que têm estado a ser noticiadas”, afirmou.

Jorge Barreto apelou ainda à população para estar tranquila já que a operação para a disponibilização das vacinas envolve várias instituições, entidades e várias personalidades que têm a sua responsabilidade.

“Ninguém vai fazer nada para prejudicar as pessoas. Nós teremos que ser os primeiros a salvaguardar a segurança e a saúde das pessoas", tranquilizou.

O especialista insistiu que as pessoas podem estar tranquilas "que nós estamos atentos, vamos fazer o seguimento e a qualquer indício de que haja alguma situação que possa pôr em risco a saúde das pessoas por causa da utilização das vacinas iremos imediatamente suspender as operações, averiguar e ver o que é que se passa para tomar as melhores decisões”.

O diretor nacional da Saúde referiu ainda que o facto de alguns países suspenderem a vacina da AstraZeneca é motivo de preocupação para Cabo Verde, mas, que as que o país recebeu vieram da Índia e não da Europa.

“Por aí é completamente diferente do produto que está na Europa e o que vamos usar aqui”, frisou.

Cabo Verde recebeu 24 mil doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, em 12 de março, e 5.850 da Pfizer dois dias depois, prevendo o Governo lançar a vacinação nacional, em 19 de março, e assumindo a meta de vacinar 70 por cento da população até final do ano.

Estas doses inserem-se num total de 108 mil a fornecer pela AstraZeneca ao abrigo da Covax, iniciativa fundada pela OMS que visa garantir uma vacinação equitativa contra o novo coronavírus.

Nos últimos dias, têm surgido suspeitas de alegados efeitos secundários da vacina da AstraZeneca, que levaram vários países a suspender o seu uso.

-0- PANA CS/IZ 17março2021