Agência Panafricana de Notícias

CEA pede anulação da dívida de países afetados por Ébola

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - A Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA) lançou um apelo para a anulação de dois biliões e 600 milhões de dólares americanos de dívida dos países mais afetados pela epidemia de Ébola e advertiu que a promessa de ajuda externa poderá provocar uma crise da dívida na Guiné-Conakry, na Serra Leoa e na Libéria.

O secretário executivo da CEA, Carlos Lopes, anunciou segunda-feira que os doadores internacionais, generosos nas suas promessas de ajuda para permitir aos países da África Ocidental fazer face à epidemia de Ébola, deviam doravante anular as dívidas para evitar criar uma situação de sobreendividamento nestes três Estados.

"O impacto potencial de Ébola é muito claro", declarou Lopes aos jornalistas durante o lançamento, segunda-feira, dum novo relatório sobre o impacto económico e social de Ébola em África.

Segundo ele, os doadores foram generosos relativamente à redução da dívida e da qual estes países já beneficiaram, "mas hoje pedimos uma anulação da dívida, o que é muito mais que um alívio da dívida".

O Banco Mundial prometeu um bilião de dólares americanos para reforçar a resposta à Ébola e ajudar a aumentar os investimentos, as trocas e a criação de empregos face à recessão causada pelo recuo da atividade económica e a redução das horas de trabalho para os bancos.

Por seu turno, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prometeu 300 milhões de dólares americanos para cobrir os défices orçamentais nos três países afetados.

A Guiné-Conakry, um dos países mais afetados, beneficiou dum alívio da sua dívida no quadro da Iniciativa para os Países Pobres Altamente Endivídados (PPAE), o que a ajudou a fazer passar a taxa de juro da sua dívida externa de 0,7 porcento em 2012 para 0,2 porcento em 2014.

O relatório mostra que a propagação da doença causa uma forte baixa das receitas fiscais, enquanto a pressão sobre despesas públicas para controlar a doença aumentam.

Indicando que a doença poderá não ter um impacto económico enorme quando for totalmente controlada nos três países mais afetados, Lopes explicou que os seus impactos sociais são mais fortes.

"A mobilização dos fundos deverá ser transitória. Estes países saem duma guerra civil e não estão bem com a epidemia de Ébola", declarou.

Lopes indicou que a anulação da dívida de dois biliões e 600 milhões de dólares amerianos teria um impacto a longo prazo nos esforços para erradicar a epidemia de Ébola.

A Serra Leoa registou uma baixa nos seus rendimentos até 46 milhões de dólares americanos, prevendo-se uma queda suplementar de 91 milhões de dólares americanos em 2015.

Por seu turno, a Libéria deverá perder 106 milhões de dólares americanos, ou seja, cinco porcento dos rendimentos do Governo, enquanto a Guiné-Conakry regista um défice de 27 milhões de dólares amerianos, segundo o relatório da CEA sobre o impacto socioeconómico de Ébola.

-0- PANA AO/VAO/FJG/BEH/IBA/MAR/IZ 15dez2014