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Angolanos rendem última homenagem a nacionalista Mendes de Carvalho

Luanda, Angola (PANA) - O Presidente José Eduardo dos Santos esteve terça-feira entre centenas de Angolanos que prestaram a última homenagem ao nacionalista e célebre escritor Agostinho André Mendes de Carvalho, falecido quinta-feira passada em Luanda aos 89 anos.

A urna contendo os restos mortais do histórico nacionalista, encoberta com a bandeira da República, foi velada durante toda a manhã no Parlamento, onde recebeu homenagens de entidades políticas, religiosas e da sociedade civil.

Eduardo dos Santos chegou ao local ladeado do presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, para dar início ao velório oficial antecedido do velório familiar no começo da manhã, na residência do nacionalista, em Luanda.

Também curvaram-se perante o corpo do ex-deputado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente; o presidente do Tribunal Supremo, Cristiano André; e o presidente do Tribunal de Contas, Julião António, entre outras individualidades.

No livro de condolências, Manuel Vicente escreveu que "foi com profunda dor" que acolheu a notícia do infausto acontecimento e confessou ter perdido um conselheiro.

"Com o desaparecimento do mais velho Mendes, perdi um amigo, um pai e um conselheiro. O país perde também um dos seus melhores e mais dedicados filhos. Que a sua alma descanse em paz", lê-se na curta mensagem do Vice-Presidente.

Por seu turno, Fernando da Piedade Dias dos Santos descreveu Mendes de Carvalho como "um dos mais distintos filhos de Angola" e que tem o seu lugar de destaque entre os combatentes pela liberdade e pela dignidade do povo.

"Desde muito cedo, ainda bastante jovem, dedicava a sua vida à luta pela independência do nosso país", lembrou o parlamentar no seu testemunho.

Após o velório, a urna de Mendes de Carvalho seguiu em cortejo fúnebre para Calomboloca, no município do Icolo e Bengo, sua terra natal, onde os seus restos mortais foram a enterrar.

Uanhenga Xitu, de seu pseudónimo literário, nasceu em 29 de agosto de 1924, em Calomboloca, município de Icolo e Bengo, província de Luanda.

Enfermeiro de profissão, ele inseriu-se na ação política clandestina durante o regime colonial pela independência de Angola, tendo sido preso pela polícia repressiva portuguesa e condenado por um Tribunal Militar a 12 anos de prisão maior para além de medidas de segurança de seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos políticos por 15 anos.

Na prisão começou a escrever as suas histórias, compiladas em obras como “O Meu Discurso”, "Mestre Tamoda”, “Bola com Feitiço”, “Manana”, “Vozes na Sanzala (Kahitu)”, ”Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem”, “Os Discursos do Mestre Tamoda”, “O Ministro” e “Cultos Especiais”.

Uanhenga Xitu foi membro da União dos Escritores Angolanos (UEA), que recentemente o homenageou pela sua "inquestionável importância" no cenário literário angolano.

-0- PANA ANGOP/IZ 18fev2014