Agência Panafricana de Notícias

Angola e RDC registam crescimento em trocas comerciais

Luanda, Angola (PANA) - Trocas comerciais entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC), em 2022, cresceram de 46.000.000 para mais de 100.000.000 dólares americanos, soube a PANA de fonte oficial.

Os dados foram avançados domingo último, em Luanda, durante o II Fórum Económico Angola-RDC, pelo ministro angolano da indústria e Comércio, Rui Miguêns.

Nessa ocasião, o governante disse, por outro lado, que as importações, em igual período, também cresceram de 2.500.000 para 10.000.000 dólares americanos.

Reconheceu ainda existir muitas transações que, infelizmente, como disse, ainda não estão capturadas no sistema estatístico.

Todavia, garantiu que a balança comercial oficial de Angola com a República Democrática do Congo favorece, nesta altura, a parte angolana.

"Isto implica criarmos condições para que todas as transações entre os dois países não só representem fluxos de mercadorias, mas também fluxos financeiros, que possam ocorrer e aparecer, transparentemente, nos nossos sistemas monetários”, frisou.

Do seu lado, o ministro angolano da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, presente no local, agradeceu, em nome do Governo angolano, a presença massiva da delegação congolesa no evento de Luanda.

Achou necessário um contínuo desbloqueio do potencial económico dos dois Estados, para transformar a riqueza potencial em riqueza real, com impacto socioeconómico.

Defendeu a necessidade da capacitação institucional e empresarial; da aposta num capital humano forte e resiliente e de um sistema financeiro-bancário e não-bancário comprometido com o financiamento à economia e o impacto sobre o desenvolvimento.

"Este encontro não é apenas uma convergência de interesses económicos, mas também a manifestação do compromisso comum de fomentar o crescimento económico de África, construindo um futuro melhor para os cidadãos”, afirmou.

Por sua vez, o vice-primeiro ministro e ministro da Economia Nacional da RDC, Vital  Kamerhe Lwa Kanyiginyi Nkingi, exortou o Governo angolano a dar prova de "grande vontade" de contribuir para o crescimento da economia global e o fortalecimento das relações entre os dois países.

Disse que o seu Governo já deu esse passo, por intermédio do Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, quando, na 16.ª reunião mista de ministros, ocorrida  em Kinshasa, a capital congolesa, incentivou todo o seu Governo a participar de  forma ativa no Fórum Angola-RDC.

"O compromisso entre os nossos dois chefes de Estado veio de uma certa forma incentivar as decisões tomadas nesse evento, que é uma parceria económica para um crescimento partilhado. Este ato aconteceu com a apresentação de diferentes produtos produzidos em ambos os países”, frisou Kamerhe Lwa Kanyiginyi Nkingi.

Por sua vez, o ministro angolano da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, destacou que o comércio entre os dois países deve ser melhor organizado para que ambos possam tirar vantagem na balança comercial.

António Francisco de Assis disse que o continente africano tem cerca de 870 biliões de hectares de terras aráveis, mas apenas 60 por cento são exploradas.

Logo, prosseguiu, é uma das vantagens, porque, disse, dentro deste percentual Angola e a RDC têm uma fatia muito grande.

Face ao potencial existente, António Assis apelou à classe empresarial dos dois países  a investirem no setor agrícola.

"Em matéria de cereais, o continente importa por ano mais de 100.000.000 toneladas. Logo, é necessário aproveitar as oportunidades e o grande potencial que ambos os países e regiões vizinhas oferecem”, disse.

Os governos angolano e congolês decidiram, domingo, em Luanda, facilitar a concessão de vistos aos operadores económicos nos postos fronteiriços, como parte do processo de implementação dos Acordos Comerciais existentes entre os dois países.

Estas intenções foram definidas na II Edição do Fórum Económico Angola-RDC, realizado no Hotel de Convenções de Talatona, em Luanda, com uma participação de mais de 200 investidores e decisores públicos.

A "Declaração de Luanda  e Comunicado Final” da II Edição do Fórum Económico Angola-RDC foi assinada pelo ministro da Economia e Planeamento de Angola, Mário Caetano João, e pelo vice-primeiro ministro e ministro da Economia Nacional da RDC, Vital  Kamerhe Lwa Kanyiginyi Nkingi, como parte do Acordo Comercial entre os dois governos rubricados a 29 de Outubro de 2021, sobre a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais entre estes países.

O acordo relaciona-se ainda com a harmonização de direitos e taxas de importação, a redução e custos administrativos nos percursos Luvo-Cabinda; Noqui-Cabinda (norte) e vice-versa, de maneira a facilitar o comércio transfronteiriço.

Consta da ata assinada 15 intenções, onde os governos concordaram  em melhorar a competitividade das indústrias locais em ambos os países e tomar medidas necessárias para proteger as indústrias emergentes; a realização de operações conjuntas de fiscalização e controlo das fronteiras comuns, devendo para o efeito ter-se em conta o limite territorial de cada país para combater drasticamente a fraude nas importações e exportações nas fronteiras comuns.

, bem como   cooperar para eliminar o contrabando, a fim de desencorajar a entrada ilegal, através das fronteiras.

Neste quesito, as partes levaram a cabo ações conjuntas dentro do quadro da implementação de medidas e políticas de segurança.

As mesmas medidas visam a celeridade da cadeia de abastecimento e a facilitação do comércio a nível regional e internacional.

Finalmente, Angola e a RDC vão cooperar na partilha, em tempo real, das informações de apreensão e dos riscos aduaneiros identificados, através dos respetivos pontos focais.

-0- PANA JA/DD 14novembro2023