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Alpha Condé anuncia candidatura a novo mandato à frente da Guiné-Conakry

Conakry, Guiné (PANA) - O Presidente guineense, Alpha Condé, será candidato às eleições presidenciais de 18 de outubro, anunciou o partido no poder, Coligação do Povo da  Guiné-Conakry (RPG Arco-íris), num comunicado lido na noite de segunda-feira na Radiotelevisão Guineense (RTG).

Grupos de jovens e vários partidos políticos convidaram insistentemente o Presidente cessante, cujo segundo mandato de cinco anos termina em outubro, a responder favoravelmente ao seu pedido, aceitando ser o seu candidato.

Condé foi também designado, em julho passado, pela Coordenação Democrática para a Mudança na Continuidade (CODEC, aliada da RPG) para defender as suas cores nas eleições presidenciais.

A indicação de Condé ocorreru durante a Convenção Nacional do partido no poder, em que o chefe de Estado cessante se limitou a declarar que tomou nota desta decisão, antes de convocar uma verdadeira reunião dos partidos do campo  presidencial.

Grupos de mulheres da administração e do setor informal começaram a percorrer os distritos da capital para arrecadar fundos para pagar a caução  de Condé, recentemente fixada em 800 milhões de francos guineenses, ou 50 milhões de francos CFA, pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI).

Depois de aceitar "atravessar o Rubicão" para ser  candidatar à sua própria sucessão, Alpha Condé, 82 anos, e os seus apoiantes rejeitam as denúncias do terceiro mandato, argumentando que a nova Constituição, aprovada a 22 de março, autoriza-o a disputar  a magistratura suprema porque "os contadores foram achatados".

A uma semana do encerramento das candidaturas, previsto para a próxima terça-feira, o silêncio do líder do principal partido da oposição, a União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), Mamadou Cellou Dalein Diallo, suscita dúvidas e preocupações.

Alguns dos seus colegas da oposição e membros da Frente Nacional de Defesa para a Constituição que, desde outubro passado, organiza manifestações para denunciar a alteração da lei fundamental e a candidatura de Condé, declararam que não se iriam candidatar se o Presidente em exercício participasse na competição.

A UFDG organizou, no  âmbito das federações partidárias, uma votação para decidir se participa ou não nas eleições presidenciais.

Segundo várias fontes próximas do partido, a tendência é a participação nas urnas para as quais dirigentes de partidos, integrantes do FNDC, já deram entrada dos seus processos de candidatura ao Tribunal Constitucional.

Numa entrevista recente à PANA, o líder da União dos Democratas pelo Renascimento da Guiné (UDRG), Amadou Oury Bah, declarou que não seria candidato, citando "a violação das disposições de intangibilidade" da Constituição de 2010.

Ele qualificou esta ocorrência de “um ato muito grave”, tendo em conta as tragédias que marcaram a história da Guiné-Conakry.

“Estas disposições foram uma resposta à longa busca de alternância democrática do povo guineense, muitas vezes magoado, humilhado e traumatizado nas lutas pela conquista ou pela manutenção do poder”, frisou.

-0- PANA AC/JSG/MAR/IZ 01set2020