Agência Panafricana de Notícias

799.000.000 pessoas afetadas pela insegurança alimentar em África

 

 

UNION AFRICAINE

 

 

 

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - Perto de 799.000.000 pessoas em África estão afetadas por uma insegurança alimentar, contribuindo para uma taxa de 60 por cento da população africana, ou seja, um terço da subnutrição mundial, revelou em Addis Abeba, a comissária da União Africana (UA) para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Anbiente Duradouro, Josefa Correia Sacko.

A diplomata angolana avançou este dados  durante a 42.ª sessão ordinária da Comissão da UA (CUA), o conselho executivo da organização pan-africana, quando apresentava um relaório anual sobre a implementação das atividades relativas ao roteiro do ano de 2022.

“Os povos africanos enfrentam incríveis desafios que se cruzam. São injustos e impossíveis de ignorar. A pandemia da covid-19, os conflitos, as ruturas da cadeia de abastecimento, a inflação, as crises da dívida e os picos de preços dos alimentos contribuem para uma crise crescente de desnutrição que recai mais fortemente sobre aqueles que menos possuem”, lamentou a comissária .

Declarou que o acesso a alimentos seguros e nutritivos suficientes, essenciais para a sobrevivência, saúde e produtividade das gerações futuras, tem sido limitado.

Estatísticas recentes mostram que, atualmente, 61.400.000 crianças africanas com cinco anos de idade são atrofiadas que 3.000.000 são desperdiçadas e que 10.600.000 têm excesso de peso, disse.

“A última vez que África assistiu a uma tal crise alimentar foi em 2007-2008, os Estados tinham mais flexibilidade orçamental e eram mais resilientes”, frisou.

Fez saber que os desafios da segurança alimentar e da nutrição, nas últimas décadas, tem constituido para os Estados membros, uma atenção especial.

Contudo, sem ações urgentes, as vidas, o bem-estar e a prosperidade de milhões de africanos, incluindo as gerações futuras, estão em risco, alertou, considerando necessária uma liderança política de alto nível para enfrentar eficazmente a reedição desta crise.

Para o efeito, o relatório recomenda aos chefes de Estado e de Governo para apoiarem o estabelecimento de mecanismos liderados pelos países que assegurem a geração e disponibilidade de dados de qualidade sobre a nutrição para o planeamento, monitorização e avaliação de programas de nutrição por parte dos Estados membros.

Face às taxas crescentes do “duplo fardo” da malnutrição, a CUA, em colaboração com as partes interessadas, deverá  atualizar a metodologia do custo da fome em África para integrar aspetos do excesso de peso e da obesidade, bem como da deficiência de micronutrientes.

É também recomendado dar-se prioridade aos investimentos em dados e sistemas de alerta precoce para promover a responsabilidade e preparação na resposta às emergências.

A defesa e popularização do tema do Ano da UA para 2022 foi levada a cabo por decisores de alto nível, incluindo cChefesde Estado e de Governo, ministros, parlamentares e peritos em nutrição e segurança alimentar, com a mobilização dos meios de comunicação social, da juventude com maior alcance junto das bases e comunidades.

As atividades nesta vertente contribuíram para aumentar os compromissos no sentido de enfrentar desafios da nutrição e segurança alimentar no continente, o que ajudou a verificar ainda mais que a nutrição e a segurança alimentar necessitam da colaboração multissetorial.

O reltário apresentado descreve que os recursos para a nutrição são ainda limitados em muitos Estados africanos, e que, onde existem, são em grande parte fundos de doadores e chamam a atenção para a necessidade urgente de os Estados membros darem prioridade ao aumento do investimento financeiro interno na segurança alimentar e nutricional.

Ao  mesmo tempo encoraja a inovação através da identificação de opções de financiamento  para a nutrição, promoção de investimentos em programação multissetorial no contexto humanitário.

Um apelo é feito à assembleia da UA para considerar a adopção da declaração de Abidjan (Cõte d'Ivoire), a aceleração do investimento, a implementação e coordenação para melhorar a nutrição e a segurança alimentar em África.

Apesar dos grandes desafios colocados pela falta de recursos financeiros e humanos, a CUA, em colaboração com os Estados membros e parceiros, implementou com sucesso pelo menos 60 por cento das atividades inscritas no roteiro do tema do ano 2022.

-0- PANA JF/DD 17fev2023